Leia nossos artigos sobre a DR e DP fique calmo, relaxe e boa leitura amigo!
Lista com os artigos:
> Despersonalização (Dormência Mental)
> Um pouco de explicação e algumas dicas(Lucas Montenegro)
> Acreditem! Fé em Deus!(Lucas Montenegro)
> Sensações e Sentimentos (Paul David)
> Explicações por (Bronwyn Fox)
> Um estranho no espelho(Larissa Jansson)
> Compreensão e Tratamento Despersonalização(Nick Medford)
> Etiologia de transtornos dissociativos(Idan Sharon)
> Transtorno de Despersonalização: abordagens farmacológicas(Sierra M.)
> A Neurofisiologia da Dissociação(Robert c. Scaer)
> Distúrbio Dissociativo da Identidade(MSD)
> Como cura ansiedade e despersonalização(Luce Faure)
> A Maconha e a despersonalização(RONNIE FREEDMAN)
Um pouco de explicação e algumas dicas (Lucas Montenegro)
Eu espero sinceramente que eu possa ajudar pelo menos um pouco vocês a
superarem essa parada complicada, e eu digo um pouco porque muita coisa pode
ajudar, mas é sempre a gente que tem que dar os passos, e o que vou dizer é da
minha experiência, pode ser que não se aplique a todos.
Eu tenho 21 anos, a DR se manifestou quando eu eu tava com 19, mas eu
analisei depois e vi que eu já sentia sintomas de ansiedade desde os 16, por aí.
Uma coisa que vocês tem que se ligar é que a DR/DP não são síndromes ou
transtornos por si só, mas sim sintomas de uma ansiedade muito grande, o famoso
transtorno de ansiedade. São sintomas horríveis, é verdade, mas ainda sim são
sintomas, mesmo que se manifestem antes de qualquer outra coisa. Falo isso pra
que se saiba que o inimigo a ser combatido não é a DR, mas sim a ansiedade. Pode
ser que você nunca tenha se percebido uma pessoa ansiosa, e aí do nada você tem
uma crise com DR/DP. Foi o que aconteceu comigo. Inclusive, geralmente nesses
casos é quando a DR é pior, pois se você já convive com crises de
ansiedade/pânico/depressão há um tempo, e esse sintoma se manifesta, você vai se
assustar bastante, mas pode tratar como mais um sintoma estranho. Já quem
dissocia primeiro geralmente acha que está ficando louco, entra em desespero,
essas coisas. Também foi o que aconteceu comigo rs
Imagino que muitos já saibam bastante sobre o assunto, mas é bom saber um pouco
do porquê isso acontece. São sintomas de ansiedade, e a ansiedade está associada
ao excesso de preocupação, excesso de cobrança, exigência, excesso de controle,
medo e culpa. Há fatores físicos/biológicos também, como por exemplo uso de
drogas ou sua herança genética. Mas como você não pode trocar seus genes mesmo,
não vamos nos ater a isso por enquanto. Uma explicação rápida sobre
a ansiedade(se alguém não gosta de explicações sinto muito, eu acho que entender
bem o que se sente sempre ajuda): a ansiedade existe desde sempre, é uma herança
dos nossos ancestrais lá da época das cavernas, e se ela foi passada adiante na
roleta genética é porque é uma coisa boa! Sim, imagina o nosso ancestral no meio
de uma mata procurando algo pra comer. Ele se sentia ansioso, afinal podia ter
um tigre escondido atrás de uma árvore, uma tribo inimiga se aproximando, sei lá
mais o que. Essa ansiedade deixava ele ligadão em tudo que estava acontecendo,
porque a ansiedade faz isso. Ela eleva bastante nossa percepção e capacidade de
reação a perigos, por isso é algo útil, e vocês mesmos talvez tenham percebido
que muitas vezes -senão o tempo todo - estão num estado de atenção muito grande
às coisas. Só que o que acontece nos dias de hoje? Não tem tribo inimiga nem
tigres por aí, mas as razões de nossas tensões se tornaram nossas próprias
vidas. Construir carreira, atrair o sexo oposto, cumprir prazos, alcançar metas,
exceder expectativas, ganhar dinheiro, agradar os pais, ter um corpo sarado, ter
a vida perfeita que nem a das pessoas das propagandas ou novelas, ser foda em 10
coisas distintas, ter muitos "curtir" na sua foto nova na balada...enfim. Essa
zona é a realidade em que vivemos, nossa sociedade exige de nós o tempo todo, e
nós também. Dessa forma, as circunstâncias geradoras de tensão não são mais
específicas ou intermitentes, estão presentes o tempo todo. Por isso que hoje em
dia é tão comum as pessoas serem ansiosas, e por isso também que muitos dos que
sofrem com isso são jovens: entram na
vida adulta (o que por si só já é um baque, pesquisem quarter-life crisis ou
crise do quarto de vida, pode esclarecer vocês um bocado) em um mundo para o
qual não foram bem preparados, afinal nossos pais não tiveram que lidar com um
mundo maluco que nem o nosso, onde todo mundo vive a 200km por hora, você tem
que ser bem-sucedido antes dos 25, todo mundo superconectado e ao mesmo tempo
distante, e mais um monte de coisas que simplesmente não existiam em outras
épocas. Daí vem o problema. Um mecanismo biológico que deveria ser "ativado" de
vez em quando, em situações bem específicas, fica ligado o tempo todo. Chega uma
hora que dá merda, claro. Pessoas ansiosas são geralmente pessoas "fortes", pois
elas não mandam o foda-se pras coisas, elas se importam. Só que não é muito
inteligente também ir pegando os problemas e os colecionando. Se alguma coisa
dessas faz sentido pra você, te digo: você não precisa ter controle sobre tudo
rs. Tente dizer de vez em quando "foda-se isso, vou deixar pra lá e ver o que
acontece." A não ser que você seja um bombeiro ou um médico, dificilmente
algo muito grave vai acontecer, acredite rs
A DR/DP se manifesta como uma tentativa quase desesperada do seu cérebro de
te proteger. Já ouviram falar de gente que sente tanta dor que desmaia, ou
coisa parecida? Isso é o cérebro protegendo elas de uma dor absurda, que elas
não conseguiriam suportar. Como medida drástica ele simplesmente desliga. É mais
ou menos a mesma coisa, só que não tão radical, eu diria. Seu cérebro está o
tempo todo ligado no máximo, porque você não pára de pensar. Sobre o passado,
presente, futuro, planos, medos, futuro, erros, metas, dinheiro, sexo, futuro,
saúde, trabalho e seja lá mais o que. É simplesmente preocupação demais pra ele
aguentar. Pra completar, provavelmente uma pessoa ansiosa(você) se encontra num
estado permanente de insatisfação com as coisas como elas estão. Estão sempre
querendo melhorar, sempre planejando alguma coisa, sempre acham que dá pra fazer
mais ou/e melhor. O que vai ser é sempre melhor do que o que é. Soma o excesso
de preocupação com essa insatisfação eterna com o momento presente, e pronto.
Toda ansiedade representa, em diferentes instâncias e formas, uma rejeição ao
momento presente. Seu cérebro pra te proteger começa a te mandar a mensagem de
que essa realidade não existe de verdade, afinal você aparentemente só colhe
sofrimento e preocupação dela. Nossa mente é bem intencionada, mas tem métodos
estranhos, hehe. Imagine que sua mente não quer que você sofra, então ela tenta
te convencer de que é tudo mentirinha. Só que você sabe que não é. Você não
ficou louco, uhul! Um louco (mesmo um que saiba que é louco) não consegue
distinguir quando está desconectado da realidade, mas alguém normal, mesmo no
meio de uma crise, não se desliga da realidade. Pode até duvidar dela, mas
não perde a consciência dela. As vezes o desespero vem justamente por saber que
aquilo é real, mas sentir como se não fosse.
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Eu posso dar dicas de como melhorar, dizer o que comigo deu certo, o que faz
sentido segundo o que estudei, e vou fazer isso, mas é bom ter em mente que cada
um é diferente e tem suas próprias questões. Acho que vale arriscar, afinal
continuar nessa situação ruim é que não dá né. Outra coisa que digo também é que
não acho que haja uma "cura" no sentido de nunca mais sentir. Eu levo uma vida
normal, não sofro com DR tem bastante tempo, mas de vez em quando eu meio que
"sinto" a DR próxima, afinal ela é um sintoma de ansiedade, e ansiedade sempre
teremos de vez em quando, e
natural. Eu aprendi as estratégias que dão certo comigo pra quebrar o ciclo
ansioso de pensamentos que sempre vai piorando tudo e termina onde vocês já
sabem. Não são técnicas secretas, são só outros pensamentos... eu penso em
coisas que me fazem bem, em Deus, em algo prático da vida, música... não sei bem
explicar. Todo mundo pode encontrar pensamentos que quebram a espiral
angustiante de pensamentos negativos que se autoalimentam. No momento em que
estamos "presos" na espiral de pensamentos negativos, não conseguimos pensar em
praticamente nada além dos sintomas que estamos tendo, do medo do medo, do medo
de piorar, do desânimo porque aconteceu, do que não-sei-quem vai pensar... Dá
pra aprender a sair dessa, o segredo é a tentativa e a
prática. Cada vez que você estiver mal você tem que tentar quebrar essa
cadeia.O nosso cérebro tende a repetir comportamentos, e os pensamentos podem
ser considerados comportamentos nesse sentido. Ou seja, você tende a
continuar agindo/pensando do jeito como você já vem agindo/pensando há um tempo.
Então se sua mente está acostumada a pensamentos negativos de medo ou de sei lá
mais o que, a tendência é que você continue tendo esses pensamentos, a menos que
você faça um grande esforço consciente para mudar. Por isso é importante você
começar a quebrar a cadeia de pensamentos ansiosos/obssessivos, pois isso só faz
mal.
Uma dica muito boa que encontrei e que me ajudou bastante foi: desvie sua mente.
Pratique alguma atividade que exija 100% da sua concentração para ser executada.
Não precisa ser necessariamente algo que demanda toda sua atenção, mas sim algo
a que você consegue dedicar toda a sua atenção de forma mais ou menos natural.
Eu explico: eu gosto muito de ler e tocar violão. Mas quando eu estava mal, com
crises de DR, eu não conseguia me concentrar direito nessas coisas, apesar de
serem coisas que eu gosto e que normalmente exigem toda a minha atenção. Por
outro lado, uma atividade que eu também gosto, mas de certa forma bem menos que
as outras e nem é muito
presente na minha vida, era uma das que me fazia me desligar de todo o resto e
me concentrar só nela: desenhar. Eu nessa época fiz vários desenhos, fiz
recortes e colagens, um monte de coisas assim. Desenhar relaxava muito minha
mente, por qual motivo eu não sei, mas fazia; era totalmente terapêutico. Um
cara que teve DR também e falei com ele disse que ele conseguia desviar a mente
dele dos pensamentos negativos tirando fotos. Ele sempre curtiu fotografia mas
nunca havia se dedicado de verdade a esse hobby, e ajudou muito ele. Cada um tem
algo que funciona pra si, o importante é desacostumar seu cérebro dessa linha de
pensamento ruim, fazendo ele se desviar pra outra coisa. Vai entalhar madeira,
fazer palavras cruzadas, praticar arco e flecha, aprender um instrumento, artes
marciais(recomendo as orientais, porque vão além na parte filosófica), pintar
quadros, o que sua criatividade e disponibilidade permitirem. O negócio e
se concentrar em alguma coisa diferente.
Algo que também me ajudou bastante nisso foi acupuntura. Nas primeiras sessões
era horrível, eu parecia quase pior, fiquei muito cético da eficácia daquilo,
mas insisti, e depois foi me fazendo muito bem. Eu praticamente me sentia eu de
novo, por assim dizer.
Uma outra coisa muito boa foi a meditação. Muita gente acha que meditar é
relaxar, mas meditar é justo o contrário, é um estado de concentração profunda;
a diferença é que é uma concentração focada somente numa coisa. Seja na sua
própria respiração, seja num mantra ou em alguma outra coisa. Se você acredita
em Deus ou em religião, a meditação também pode ter um sentido religioso, e uma
outra coisa que me ajudou muito (MUITO MESMO) foi a religião. Eu sempre
acreditei em Deus e fui educado no catolicismo, mas nunca realmente fui
praticante. Quando problemas grandes assim abatem a gente, nossa tendência pode
ser acabar recorrendo Deus, e não só isso aconteceu comigo, mas foi algo muito
bom. Sei que muitos têm ideias pre-concebidas quando o tema é esse, então não
vou me estender, mas caso estejam dispostos , os encorajo seriamente a buscar
Deus ou a religião com que vocês se identificam e segui-la de forma mais
presente.
Mais dicas: na psicologia nós dizemos que o ser humano é um ser biopsicossocial,
ou seja, tem seu lado biológico, psicológico e social, e todos estão ligados e
afetam um ao outro. Logo, os problemas psicológicos também afetam os outros dois
lados da nossa vida, e se vocês analisarem a si mesmos com certeza vão
concordar. Falei isso pra mandar minha dica agora: não vacilem com o lado
biológico. Se o se organismo estiver prejudicado, não tem jeito, vai prejudicar
o resto junto. Boa alimentação,
horas de sonos suficiente, não dar mole pra doenças facilmente evitáveis,
tipo gripe... Ficar com seu corpo 100% é um ótimo passo pra se sentir melhor, e
é relativamente mais fácil do que "consertar" os outros dois lados, apesar de
que tudo vai influir no todo. Privação de sono, por exemplo, é um lance terrível
pra quem tem esses problemas. Uma alimentação boa vai te deixar se sentindo
melhor. Tente dormir de noite e acordar de manhã também, dormir muito tarde e
acordar muito tarde não faz o mesmo efeito que um sono de noite, mesmo que se
durma horas suficientes. O solzinho da manhã faz um bem tremendo também.
Uma outra dica também que pode ser difícil pra alguns, e posso inclusive
ser criticado, mas aceito isso: pare de pesquisar. Pare de entrar nas
comunidades, nos grupos, de ler os artigos, de ler deoimentos. Nem digo pra
abolir radicalmente, mas deixe isso pra lá um pouco conforme for sentindo que
consegue. Não perca contato com a galera, porque essa ajuda mútua é algo
maravilhoso, mas sei lá, tentem falar de outra coisa de vez em quando. Eu não
tenho palavras pra descrever o quanto me fez bem e o quanto foi reconfortante
encontrar gente na internet que sofria da mesma coisa que eu, que tinha
experiências pra compartilhar e tal. Só por eu descobrir que eu não estava
ficando maluco já vale minha gratidão eterna, mas tem um momentos ou momentos em
que temos que deixar isso de lado, parar de mastigar esse chiclete e cuspir
logo. Transtornos psicológicos são muito sugestionáveis, se sua mente
te convence que o mundo não existe, que dificuldade teria em te convencer que
está sentido algo que você na verdade não está sentido, mas que um outro cara
postou na internet que ele sente? Isso pode acontecer, facilmente até. E além do
mais, estando
o tempo todo em contato com isso, você não deixa isso morrer na sua cabeça.
Muitas vezes vocês talvez nem sintam a DR, mas só lembrar de como era, recordar
as sensações ruins e os pensamentos que se tinha já é terrível. Temos que
esquecer essas coisas, ficar só com os aprendizados. Você prefere ser um
especialista em desrealização ou uma pessoa sem desrealização? Ainda que não
concorde com o que eu disse, sugiro que tente.
Essa todo mundo já deve saber, mas vou ressaltar com um pouco da minha
experiência pessoal. Não usem drogas!!! Maconha, pó, lsd, ecstasy... Essas e
outras drogas podem desencadear crises sinistras, inclusivem podem fazer quem
nunca teve começar a ter. A droga não faz começar a ter DR quem já não tinha uma
certa predisposição, mas elas com certeza aceleram bastante esse processo. Eu
comecei a fumar maconha aos 15 anos (e meus primeiros sintomas ansiosos vieram
pouco tempo depois, com uns 16... não sei se tem algo a ver, mas já dá o que
pensar), e fui fumando esporadicamente até os 19, mas nunca fui de fumar muito,
e nem nunca usei outras drogas ilícitas. Com 19 anos eu resolvi parar,
justamente porque achei que estava começando a fumar mais do que devia. Não teve
nada a ver com DR, parei porque achei que era a hora mesmo, e eu só fui ter a
primeira crise uns 6 meses depois, mais ou menos. Quando eu descobri que drogas
podiam catalisar esse processo das crises de ansiedade, eu agradeci por
ter parado antes. Só que no carnaval desse ano, quando já tinha quase 1 ano que
eu tinha começado a ter as crises e um pouco mais de um ano e meio que eu tinha
parado de fumar, eu saí com uns amigos e fumei maconha, fumei um bocado até. Eu
meio que quis tirar a prova, ver o que acontecia, porque eu achava que já estava
bom. O resultado foi uma das piores crises que já tive (e eu já não tinha crises
havia um bom tempo), fiquei muito mal, entrei em desespero no meio da rua de uns
bairros mais movimentados aqui da cidade (lapa), achei que tava tendo um surto
psicótico ou coisa parecida, fiquei um lixo, chorei, tentei ligar pra minha
terapeuta 3h da manhã (e ela tava viajando e não me atendeu, vaca hahaha) e
tudo. Depois disso as crises me voltaram e tive que conviver com a DR por mais
um tempo. Foi horrível, mas se eu queria tirar a prova de alguma coisa, com
certeza tirei. Senti na pele o quanto as drogas fodem e vi que a decisão mais
acertada é ficar longe delas mesmo.
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Por enquanto é isso galera, conforme for pensando em outras coisas eu posto
aqui. Espero que eu possa ajudar vocês no que for possível! Tem que acreditar e
agir!
Acreditem! Fé em Deus!(Lucas Montenegro)
É especialmente difícil sofrer com transtorno de ansiedade(e seus sintomas),
pois a pessoa obviamente vai ficar ansiosa por melhorar, só que se ficar ansiosa
a tendência é piorar. A gente tem que aprender a ter paciência na marra. Tem
que aguentar a barra dos dias e das noites mais difíceis, com o pensamento de
que é algo que vai passar, porque vai mesmo. Encare como uma coisa que veio pra
te ensinar, tanto sobre você mesmo como sobre a vida, e se disponha a aprender.
Hoje eu me pergunto: se eu pudesse escolher voltar atrás e não ter isso, o que
eu faria? É uma pergunta que acho muito difícil de responder, e vocês podem não
acreditar, mas eu não afirmo que mudaria alguma coisa. Sofri muito, isso não
nego e nem esqueço, mas aprendi muito também. Minha visão de mundo é
completamente diferente do que era antes, e eu sou uma pessoa que leva um
relacionamento muito bom com a vida hoje em dia. Os problemas não deixaram de
existir, mas eu já olho pra eles de um jeito bem melhor, e grande parte dessa
minha mudança eu credito ao sofrimento pelo qual passei com esses problemas.
Minha fé falhou várias vezes, claro, mas em nenhum momento eu acreditei que eu
não tivesse a força pra superar isso com meu próprio esforço e a ajuda de Deus.
Já vi muita gente dizendo que daria tudo pra voltar a ser como antes, mas vi um
comentário muito inteligente: será que seria realmente bom voltar a ser
como antes? Porque foi por sermos como éramos antes que acabamos tendo isso! Não
ache que sua vida volta ao normal, porque não volta. Ela pode ser melhor! Você
pode até parar de sentir, mas você com certeza vai ser uma pessoa diferente, o
que é muito bom! Se a vida se tornou a dificuldade que se tornou é porque
provavelmente você não vinha fazendo as coisas do jeito certo, então pare a
analise. Relaxe e questione-se. Mude. Sem grandes revoluções, um pouco por vez.
Lembram de Darwin? Então, a vida é seleção natural, quem não se adapta
simplesmente some do mapa, e se adaptar nada mais é do que mudar. Dê as caras
mesmo, sofra se tiver que sofrer, mas pelo menos sofra tentando.
Sempre force um pouquinho. Se você sempre tem uma crise de DR numa
situação específica, vá lentamente e aos poucos tentando passar por essa
situação quando se sentir mais confiante; nunca se acostume a abaixar a cabeça
pro medo ou pra tristeza. Pense que é como uma vacina, dentro dela tem todos os
vírus que ela mesma visa combater(só que sem os agente perigosos ou algo assim,
não entendo bem disso rs), porque seu corpo precisa lutar contra eles pra
aprender como vencê-los. É MUITO animador você começar a perceber que está
realmente melhorando, apesar de toda melhora ser lenta. Mas lembre-se de tentar
não ter pressa, a ansiedade é o que fode. Comemore as melhoras, mas comemore-as
como passos dados, não como algo definitivo. A ansiedade nos faz intensificar e
catastrofizar as coisas, tudo parece muito definitivo, muito importante, mas
tudo são passos na nossa caminhada. Um pra frente, dois pra trás, dois pra
frente, um pra trás, e lentamente avançando.
Vocês são maneiros galera, e todos merecem viver a vida plenamente, e eu quero
muito de alguma forma encorajá-los. Não aceitem que isso domine a vida de vocês,
sejam mais fortes, sintam-se mais fortes, tenham fé. De jeito nenhum aceitem que
a vida se tornou esse espetáculo cinza e estático, vocês merecem mais! Na medida
do possível façam tudo que lhes aparecer, abracem as experiências da vida, riam
na cara da DR, xinguem essa merda, coloque ela no lugar dela e mostre quem é que
manda nessa porra! Eu sou muito grato hoje pelas coisas que eu faço, mesmo
coisas simples como sair com os amigos, tocar na minha banda, ir a faculdade e
tal, porque são coisas que eu temi não ser mais capaz de fazer. Eu tive que
trancar a faculdade, larguei meu estágio (porque eu estagiava com pacientes com
patologias psicológicas e isso mexia muito comigo), deixei de sair, mas nunca
aceitei esse fato. Na teimosia voltei pra faculdade mesmo quando sabia que não
estava 100% porque eu não queria me dar por vencido, ficava tentando me pôr à
prova. Acabei repetindo em tudo porque não conseguia prestar atenção nas aulas e
faltava mais do que ia rs, mas já recuperei, e nem sinto que me atrasei, porque
eu estava resolvendo coisas mais importantes do que minha carreira acadêmica:
minha própria vida. Coisas simples hoje tem um gosto muito melhor, e mesmo as
dificuldades da vida eu agradeço, pois a vida é assim mesmo, a gente tem que tá
sempre crescendo e evoluindo pra superar as complicações que se apresentam. Hoje
em dia é passada uma imagem de felicidade obrigatória, de satisfação perpétua,
mas isso não existe. são ilusões que perseguimos. Todo mundo pode e merece ser
feliz, mas todo mundo vai sofrer também. Tá vivo vai sofrer. A regra é essa, sem
exceção. Lionel Messi sofre, Brad Pitt sofre, a panicat sofre, o cara que cruza
contigo na rua sofre, Jesus sofreu, ninguém escapa. Nos dias de hoje, uma menina
leva um fora numa festa e ela já tá com depressão, um cara fica chateado e já
sai tomando remédios de tarja preta, tô tendo uma crise existencial normal da
vida e já preciso de um psiquiatra. Tudo é superficial e rápido, as pessoas se
desacostumaram a serem fortes, porque hoje é muito fácil fugir do sofrimento,
existem múltiplas alternativas pra isso. Novela, Facebook, drogas, barzinho...
são muitos jeitos de esquecer os problemas, mas vira e mexe o sofrimento se
instala incovenientemente dentro da gente de um jeito que não dá pra fugir,
aí não tem alternativa senão encarar e superar. Tentem identificar o que faz
vocês se sentirem melhor e passem a fazer mais disso e sem culpa, tentem
cultivar bons pensamentos, fazer coisas boas, aceitar que isso aconteceu pra
vocês melhorarem a longo prazo. Não culpem as drogas, os outros, Deus, a vida,
ou o que mais tiver. Se acostumem a chamar a responsabilidade pra vocês, porque
só assim você vai sentir que é sua missão melhorar. É uma missão de vida.
Acreditem, caiam dentro! Tentem, errem, tentem de novo, sofram, chorem, rezem, e
no final vamos curtir a glória de vencer. Isso é a vida.
Sensações e Sintomas (Paul
David)
“É
como se as pessoas por mais que tentem, sentem que não conseguem lidar bem com o
mundo à sua volta. Sentem-se distanciadas daquilo que as rodeia, sendo difícil
falarem e ligarem-se a outras pessoas. Podem sentir que já não nutrem
sentimentos por outras pessoas que lhes são próximas. A pessoa parece que já não
se sente como normal e isso pode custar muito a quem passa por esta experiência.
A despersonalização é em muitos casos um
sub-produto da ansiedade, uma vez que as pessoas engrenam por um caminho de
preocupações, medos, receios e constante vigília sobre aquilo que pensam, sentem
ou fazem. Há uma auto-consciencialização das coisas enorme, fazendo assim com
que a pessoa se sinta absorta aos seus próprios processos internos. É
extremamente frequente as pessoas sentirem medo de poderem ficar loucas, perder
o controle, mas não - não vão ficar loucas ou perder o controlo. Este estado
surge por estar constantemente preocupado(a) em relação aos seus problemas. A
despersonalização/desrealização não faz mal por si só, não é perigosa nem
consitui uma perturbação grave. É natural que as pessoas poderão ser mais ou
menos afectadas consoante o tipo de situação, ansiedade e contexto em que se
inserem, mas com paciência e compreensão esta sintomatologia passa.
A despersonalização ocorre com a ansiedade
porque você está tão habituado(a) a observar-se a si mesmo(a), a questionar o
que tem, dia sim-dia sim que começa a sentir-se afastado do mundo exterior. A
sua mente tornou-se mais “cansada” e menos resiliente (facilidade para
ultrapassar obstáculos, resistência emocional e psicológica) pois aquilo que faz
é observar e preocupar-se com todos os seus sintomas. É como se a mente tivesse
sido bombardeada com pensamentos de preocupação e se torna-se fatigada. Quando a
mente se cansa psicologicamente e emocionalmente sentimos estes estranhos
sentimentos de distanciamento do mundo à nossa volta e de nós mesmos,
experienciando um estado de pseudo-sonho. É aí que podemos começar a
convencer-nos de que estamos a piorar, a ficar loucos, que estamos a perder o
controlo. Mas não estamos a enloquecer, a nossa mente é que está tão cansada que
nos pede uma pausa, um descanço de toda esta introspeção, análise internana e
absorção.
Quando as pessoas dão por elas no ciclo da
procupação/ruminação começam a pensar profundamente e constantemente, é um
ciclo. Estudam-se em profundidade, verificando, observando e concentrando-se nos
seus sintomas. Até podem acordar de manhã apenas para continuar este hábito
“Como é que eu me sinto hoje de manhã?” “Será que consigo sentir-me bem durante
o dia?” “Que nova sensação é esta que eu sinto?” Isto pode durar todo o dia,
provocando assim um cansaço adiccional ao que já existe na nossa mente. Esta
constante verificação e observação dos seus sintomas torna-se então um hábito,
mas tal como todos os outros hábitos, este também pode ser mudado.
Ruminação, preocupação, receios; ficamos tão
preocupados acerca do modo como nos sentimos que não pensamos em mais nada. É de
espantar que se sinta tão distanciado e afastado dauilo que o(a) rodeia? É de
espantar que não se consiga concentrar?
Algumas pessoas quando estudam para os
exames durante horas a fio, chegam ao ponto em que já não conseguem assimilar
informação por isso fazem uma pausa e continuam no dia seguinte. Para si não há
cá pausas ou time-outs.
O que muitas pessoas não sabem é que a
despersonalização pode ocorrer em pessoas sem ansiedade ou questões de pânico.
Pode acontecer quando alguém perdeu uma pessoa que ama, quando se tem um
acidente de viação, ou um choque emocional de qualquer tipo recente. É um
mecanismo de defesa, é como se fosse o modo que o corpo encontra para nos
proteger de toda a preocupação ou mágoa que possamos estar a sentir. Isto
normalmente é temporário e quando a pessoa que está em luto ultrapassa alguma da
sua mágoa, a despersonalização diminui e/ou desaparece.
O problema com a ansiedade é que as pessoas
que sofrem dela têm uma tendência para se preocupar e a despersonalização surge
como proteção a todo este stresse e preocupação diária. As pessoas podem então
sentir-se distanciadas, distantes, vazias, sem emoções. O que acontece nessa
altura é que as pessoas começam a preocupar-se e a obcecar sobre este novo
sentimento, pensando que é algo sério e grave, ou que poderão enlouquecer. Até
poderão mesmo “esquecer” a sua ansiedade e focarem-se apenas neste novo
sentimento o que poderá fazer com que estes sentimentos e sensações aumentem. A
desrealização cresce à medida que entramos no cliclo de preocupação e medo e por
isso o nosso corpo protege-nos destes sentimentos cada vez mais, fazendo-o(a)
sentir-se mais distanciado(a) e distanciado(a). É esta preocupação e medo sobre
estas sensações e sentimentos que o(a) mantêm no ciclo.
A maneira de ultrapassar a despersonalização
não é preocupar-se ou obcecar acerca dela, mas dando-lhe espaço, dando-lhe o
espaço necessário e não se sentir “dominado(a)” ou “arrebatado(a)” por ela. Ver
a despersonalização como um mecanismo que o corpo encontra para nos proteger e
não como um sinal de que algo terrível irá acontecer ou que poderá enlouquecer.
Este sintoma é como qualquer outro e quanto mais se preocupa ou obceca acerca
dele maior o problema se poderá tornar e mais tempo poderá manter-se no ciclo.”
Paul David,2009.
Este autor britânico sofreu desta mesma
sintomatologia de ansiedade, despersonalização/desrealização e hoje em dia
dedica-se em ajudar pessoas a libertarem-se das sensações, sentimentos e
pensamentos de pânico e/ou asiedade.
Explicações por (Bronwyn Fox)
“É interessante reparar que, apesar dos
sintomas de despersonalização e desrealização serem conhecidos como dois dos
sintomas mais comuns dos ataques de pânico, a capacidade para dissociar não é
mencionada na literatura relativa à perturbação de pânico. Nem é mencionado que
muitas pessoas dissociam primeiro e experienciam um ataque de pânico como
reacção à dissociação.
Houve alguma especulação entre psiquiatras
que trabalhavam na area da dissociação – de que as pessoas com perturbação de
pânico de facto dissociam primeiro e têm pânico de seguida, mas não há pesquisa
substancial nesta área. Profissionais da saúde mental australianos que trabalham
com clientes com ansiedade reportaram ser esta uma das causas da reacção de
pânico para muita gente – os sintomas dissociativos.
As pessoas que dissociam têm esta tendência desde a infância, muito embora
muitas dessas pessoas se tenham esquecido que tinham essa capacidade em
crianças. Esta tendência pode ser de novo activada mais tarde na vida como
resultado de um evento stressor e/ou não comer/dormir apropriadamente.
Muita da pesquisa indica que estes estados
podem ser induzidos numa fracção de segundo. A maioria de nós que tem ataques de
pânico não está ciente do modo como o fazemos tão facilmente e consequentemente
entramos em pânico cada vez que entramos num estado de consciência alterado. A
nossa experiência também demonstra que as pessoas podem experienciar uma
sensação de “choque eléctrico” ou um “calor dormente” nestes estados alterados.
Isto também aumenta o medo e pânico que podemos estar a morrer ou a ficar
loucos.”
Uma outra experiência demonstra que as pessoas podem experienciar sensações de
tonturas como resultado da desrealização. A pesquisa demonstra que não é tanto a
desrealização que causa as tonturas mas sim a magnitude na mudança de estado de
consciência que pode causar sentimentos e sensações de tonturas.
Muitas pessoas que experienciam despersonalização e desrealização podem acordar
a meio da noite, com um ataque de pânico nocturno. A pesquisa indica que estes
ataques ocorrem na mudança de consciência, ao entrar no sono, ao fazer a mudança
entre os diferentes estágios do sono (do sono leve para o profundo, do profundo
para o leve). A mudança de consciência durante o sono é semelhante à mudança de
consciência que as pessoas conseguem experienciar quando dissociam durante o
dia.
Muitas pessoas com a perturação de pânico estão assustadas com a sua capacidade
para dissociar, outras nem tanto. Uma das maneiras mais fáceis de as pessoas
entrarem num estado dissociativo é quando estão relaxadas e/ou quando estão com
o “olhar fixo”: fora da janela, a guiar, a ver TV, a ler um livro, ao utilzar o
PC, quando estão a falar com alguém. As luzes fluorescentes também podem
desencadear um estado de trance tal como a auto-absorção (estado em que a pessoa
está hiper-atenta aos processos internos, sejam eles sensações, pensamentos,
sentimentos). Quanto mais absorvidos em nós mesmos ficamos, mais poderemos
induzir um estado dissociativo.
É importante ensinar as pessoas a
tornarem-se conscientes do momento em que estão a induzir um estado
dissociativo. Quando as pessoas conseguem aperceber-se disto ensina-se a
trabalhar o seu pensamento - a não entrar no ciclo de pensamentos ansiosos de
pânico/ansiedade, “o que é que me está a acontecer...”estou a ficar louco”. O
modo como pensamos acerca dos nossos sintomas só aumenta e cria mais stresse e
ansiedade – o que por sua vez ainda nos torna mais vulneráveis aos estados
dissociativos.”
Etiologia de transtornos dissociativos(Idan Sharon)
Desde os anos 1980, o conceito de transtornos dissociativos assumiu um novo
significado. Eles agora recebem uma grande quantidade de atenção teórico e
clínico de pessoas nas áreas de psiquiatria e psicologia. Transtornos
dissociativos são um grupo de síndromes psiquiátricas caracterizadas por
interrupções de aspectos da identidade, consciência, memória, comportamento
motor, ou a consciência ambiental.Manual Diagnóstico e Estatístico da
Associação Americana de Psiquiatria de Transtornos Mentais, Quarta Edição,
Revisão de Texto (DSM-IV-TR) inclui
quatro transtornos dissociativos e uma categoria para atípico transtornos
dissociativos. Estes incluem a amnésia dissociativa (DA), transtorno
dissociativo de identidade (DID), Fuga Dissociativa, Transtorno de
Despersonalização e transtorno dissociativo não especificado (DDNOS). [1]
Uma mulher de 29 anos, experimentou o início de uma amnésia dissociativa durante
uma viagem acadêmica para a China. [2] Ela foi encontrada inconsciente em um
banheiro do hotel, sem sinais de anormalidades estruturais ou neurológicas ou
álcool ou consumo de produtos químicos. A mulher foi mandada para casa, mas não
conseguiu lembrar de seu nome, endereço, família, ou quaisquer fatos sobre sua
vida em casa. A amnésia persistiu por quase 10 meses, até a sensação de sangue
nos dedos da mulher acionou a memória dos acontecimentos da noite do início de
uma amnésia dissociativa, e, posteriormente, outros fatos e eventos. A mulher
finalmente se lembrou de ter testemunhado um assassinato naquela noite na China.
Ela lembrou ser incapaz de ajudar a vítima por medo de sua própria segurança.
Ela chegou a lembrar outros aspectos de sua vida, no entanto, algumas memórias
permanecem escondidas.
Transtorno dissociativo de identidade
Em
um caso de transtorno dissociativo de identidade, uma mulher que tinha sido
fisicamente e sexualmente abusada pelo pai durante sua infância e adolescência
apresentaram pelo menos quatro personalidades como um adulto. Cada personalidade
era de uma idade diferente, representando as fases da experiência da mulher -
uma criança com medo, um adolescente rebelde, um adulto de proteção e de
personalidade preliminar da mulher. Apenas uma das personalidades, o adulto
protetor, estava consciente dos outros, e durante as sessões de terapia foi
realizado ter sido desenvolvido para proteger a mulher durante as experiências
abusivas. Quando uma das personalidades secundárias assumiu, ele muitas vezes
levou a amnésia dissociativa episódica, durante o qual a mulher agiu de acordo
com a natureza da personalidade dominadora. Durante as sessões de terapia
intensiva, cada personalidade foi chamado como necessárias para facilitar a sua
integração.
Comumente, indivíduos que experimentam o início da fuga dissociativa são
encontrados vagando em um estado confuso ou confusa, incapaz de recordar a sua
própria identidade ou reconhecer seus próprios parentes ou arredores
diariamente. Muitas vezes, eles sofreram algum estresse pós-traumático, como no
caso de um empresário de 35 anos de idade que desapareceu há mais de dois anos
depois de escapar por pouco do ataque ao World Trade Center em 2001, deixando
para trás sua esposa e filhos. O homem estava desaparecido há mais de 6 meses,
quando uma denúncia anônima ajudou a polícia na Virgínia identificá-lo.
Transtorno de Despersonalização
Transtorno de Despersonalização geralmente leva a angústia observáveis no
indivíduo afetado. Que muitas vezes ocorre em indivíduos que são também afetados
por algum distúrbio psicológico nondissociative outras, como no caso de um
estudante universitário de 19 anos de idade que sofria de privação de sono no
início da desordem despersonalização. O jovem experimentou aumento da ansiedade
enquanto ele lutava para atender suas responsabilidades como um atleta
bolsista-dependente. Colegas expressaram preocupação sobre sua angústia aparente
para seu treinador que arranjou para o jovem para falar com um terapeuta. O
jovem descreveu a sensação como se estivesse observando as interações dos outros
como se fosse um filme. Ansiedade do jovem estava determinado a contribuir para
a privação do sono grave, que provocou episódios de despersonalização.
De
uma perspectiva psicológica, a dissociação é uma ativação de proteção de estados
alterados de consciência em reação ao trauma psicológico esmagadora. Depois que
o paciente retorna à linha de base, o acesso à informação dissociativos é
diminuída. Os psiquiatras têm teorizado que as memórias são codificadas na
mente, mas não são conscientes, ou seja, eles têm sido reprimidos.
Em
função de memória normal, traços de memória são estabelecidos em 2 formas,
explícitas e implícitas. Memórias explícitas estão disponíveis para retirada
imediata e consciente e incluem lembrança de fatos e experiências, dos quais um
é consciente, enquanto memórias implícitas são independentes da memória
consciente. Além disso, a memória explícita não é bem desenvolvido nas crianças,
levantando a possibilidade de que as memórias tornam-se mais implícita nesta
idade. Alterações a este nível da função cerebral em resposta ao trauma podem
mediar mudanças na codificação de memória para os acontecimentos e períodos de
tempo. Dissociação também é um fenômeno neurológico que pode ocorrer a partir de
várias drogas e produtos químicos que podem causar aguda, subcrônica e crônica
episódios dissociativos.
-
Roni Sharon, MD Médico
Residente do Departamento de Medicina Interna
-
Jaclyn P Wilkens Hofstra
University
-
Peter Kakatsos, MD Ross
University School of Medicine
Peter Kakatsos, MD é membro das seguintes sociedades médicas: Sociedade de
Autismo da América e
Christian
Medical & Dental Society
Sarah C Aronson, MD Professor
Associado, Departamento de Psiquiatria e Medicina, Case Western Reserve School
of Medicine / University Hospitals of Cleveland
Sarah C Aronson, MD é membro das seguintes sociedades médicas:
Academia
Americana de Médicos de Família , American
Medical Association e American
Psychiatric Association
Francisco Talavera, PharmD, PhD Professor
assistente adjunto, Universidade de Nebraska Medical Center College of Pharmacy,
Editor-Chefe, Referência Drogas Medscape
Harold H Harsch, MD Diretor
do Programa de Geropsychiatry, Departamento de Geriatria / Gerontologia,
Professor Associado do Departamento de Psiquiatria e Departamento de Medicina,
Hospital Froedtert, Medical College of Wisconsin
Harold H Harsch, MD é membro das seguintes sociedades médicas:
American
Psychiatric Association
David Bienenfeld, MD Professor
de Psiquiatria, Vice-Presidente e Diretor de Treinamento de Residência do
Departamento de Psiquiatria, Wright State University, School of Medicine
Boonshoft
David Bienenfeld, MD é membro das seguintes sociedades médicas:
American
Medical Association , American
Psychiatric Association e Associação
Acadêmica de Psiquiatria
Transtorno de Despersonalização: abordagens farmacológicas(Sierra M.)
Unidade de
despersonalização Research, Institute of Psychiatry, Kings College, Seção de
Neuropsiquiatria P068, De Crespigny Park, Dinamarca Hill, Londres SE5 8AF, Reino
Unido. m.sierra-Siegert @ iop.kcl.ac.uk
Transtorno de
Despersonalização (DPD) é uma condição crônica e angustiante com uma prevalência
na população geral entre 0,8 e 2%. Vários estudos neurobiológicos na última
década têm mostrado que os pacientes têm suprimido a ativação límbico aos
estímulos emocionais. Tais achados estão de acordo com um modelo que sugere que
a condição é gerada por uma ansiedade desencadeada, "hard-wired" resposta
inibitória à ameaça. Esse mecanismo garantiria a preservação do comportamento
adaptativo, em situações normalmente associadas com a ansiedade avassaladora e
potencialmente desorganizadora. No DPD, tal resposta seria tornar-se crônica e
disfuncional. Despersonalização continua a ser uma condição para a qual não
existe tratamento definitivo, e para que os medicamentos convencionais, tais
como antidepressivos ou antipsicóticos, foram encontrados para ser de pouco
valor. Felizmente, algumas linhas promissoras de tratamento farmacológico têm
surgido nos últimos anos, embora estudos mais rigorosos são necessários. Por
exemplo, um número de estudos sugerem que os antagonistas dos receptores de
opióides como a naltrexona e naloxona são úteis em, pelo menos, um subgrupo de
pacientes. Apesar das expectativas iniciais, o uso de lamotrigina como uma
medicação única não foi encontrado útil. No entanto, estudos abertos sugerem que
seu uso como um tratamento add-on com inibidores seletivos da recaptação da
serotonina (SSRIs) é benéfico em um número substancial de pacientes. Da mesma
forma, o uso de clonazepam, particularmente em conjunto com antidepressivos
ISRS, parece ser benéfica em pacientes com altos níveis de ansiedade do fundo.
Em consonância com o modelo de estresse relacionados com o de despersonalização,
os sistemas de neurotransmissores de relevância para a despersonalização são
conhecidos por desempenhar importante papel inibitório na regulação da resposta
ao estresse.
PMID: 18088198 [PubMed -
indexado para o MEDLINE]
Compreensão e Tratamento Despersonalização(Nick Medford)
Nick
Medford, Mauricio Sierra, Dawn Baker
Artigo traduzido pelo Google Tradutor.
Possivelmente sairá algo desconexo.
Nick
Medford é um psiquiatra ligado à Unidade de Investigação Despersonalização no
Instituto de Psiquiatria (Seção de Neuropsiquiatria Cognitiva, PO Box 68,
DeCrespigny Park, Londres SE5 8AZ, Reino Unido Tel: 020 7848 0138, fax:.. 020
7848 5172;
Ele é
professor e pesquisador apoiado por uma bolsa de pesquisa clínica Wellcome
Trust.
Ele
atualmente está envolvido em pesquisas sobre os aspectos cognitivos do
transtorno de despersonalização.
Mauricio Sierra é um psiquiatra da Colômbia, com um interesse de longa data
clínica e na pesquisa em psicopatologia dissociativa.
Depois
de ganhar um doutorado na Universidade de Cambridge para a investigação sobre a
fenomenologia e neurobiologia da despersonalização, juntou-se a Unidade de
Pesquisa Despersonalização do Instituto de Psiquiatria, onde atualmente é
professor e pesquisador clínico.
Dawn
Baker ela é uma psicóloga e terapeuta cognitivo-comportamental.
Ela
obteve um doutorado em psicologia clínica em 2001. Desde essa altura ela já
trabalhou na Unidade de Pesquisa Despersonalização desenvolvimento de um modelo
psicológico de desordem despersonalização, bem como tratamentos e estratégias de
gestão.
Tony
David é professor de Neuropsiquiatria Cognitiva no Instituto de Psiquiatria e
consultor honorário no sul de Londres e de Maudsley NHS Trust.
Ele foi
o chefe da Unidade de Pesquisa Despersonalização desde a sua criação em 1998.
Abstrato
Despersonalização desordem implica uma alteração, desagradável crônica e
incapacitante na experiência de si mesmo e meio ambiente.
Para
além destas características clássicas da despersonalização e desrealização, os
sintomas podem também englobar alterações na sensação corporal e uma perda de
reactividade emocional.
Despersonalização desordem primária é provavelmente mais comum do que se pensava
anteriormente, e aqui discutimos a avaliação, diagnóstico e tratamento da
doença, com especial referência para as nossas experiências em uma clínica de
despersonalização especialista.
Consideramos também aspectos psicológicos e biológicos da doença. Embora não
haja ainda nenhum tratamento reconhecido para este transtorno, várias
intervenções farmacológicas, particularmente uma combinação de lamotrigina e um
inibidor seletivo da recaptação da serotonina, têm se mostrado promissor.
Discutimos esses tratamentos com drogas, juntamente com as abordagens
psicológicas, em particular uma conceitualização cognitivo-comportamental e
recente abordagem de tratamento.
Despersonalização é definido em DSM-IV, tal como um
”’alteração na percepção ou experiência de si para que a pessoa se sente
separada e como se é um observador externo dos próprios processos mentais ou
corpo” (American Psychiatric Association, 1994: pp 488-490). “
Na CID-10, despersonalização é explicitamente relacionada com o fenômeno
relacionado de desrealização, na categoria diagnóstica síndrome de
despersonalização desrealização,
”’em que o doente se queixa de que sua atividade mental, corpo e / ou ambiente
são alterados em sua qualidade, de modo a ser irreal, remoto ou automatizado”
(World Health Organization, 1992:. p 171). “
Embora essa definição engloba tanto a despersonalização e desrealização, os
critérios diagnósticos exigem “um ou ambos dos fenômenos para estar presentes,
portanto, a condição pode ser diagnosticada com base na despersonalização ou
desrealização sozinho.
Box 1 ⇓ apresenta um resumo da CID-10 e DSM-IV
os critérios diagnósticos para transtorno de despersonalização.
Box
1
Os critérios diagnósticos para transtorno de despersonalização, uma adaptação da
CID-10 e DSM-IV
CID-10
Qualquer um ou ambos de (a) e (b), adição (c) e (d):
a- sintomas despersonalização
b - sintomas desrealização
c - Aceitação de que esta é uma mudança subjetiva não imposta por um agente
externo
d - Clareza sensorial
DSM-IV
a - Sentindo-se destacado dos próprios processos mentais ou corporais
b - Teste de realidade intacto
c - Sofrimento clinicamente significativo e / ou comprometimento funcional
d - Os sintomas não ocorrem exclusivamente como parte de outro distúrbio ou
devido a dirigir os efeitos fisiológicos de uma substância.
O nosso
artigo destina-se principalmente como uma discussão da desordem primária, mas
também pode ser aplicável para a avaliação e o tratamento de pacientes nos quais
despersonalização tornou-se crônico e penetrante no contexto de uma outra
desordem.
Tanto a CID-10 e DSM-IV traz incerteza quanto ao status nosológico de
despersonalização: no primeiro, ele é incluído sob o vago título de "outros
transtornos neuróticos ', enquanto que no último ele é listado em transtornos
dissociativos, uma igualmente problemática classificação, como a marca da
verdadeira dissociação é uma falta de percepção subjetiva de mudança. Por outro
lado, os portadores de despersonalização são muito conscientes de uma mudança
perturbadora em sua experiência de si mesmos e / ou seus arredores – na verdade,
em que o distúrbio primário, essa consciência da mudança é a essência da queixa
apresentada.
Outras
maneiras em que difere da despersonalização transtornos dissociativos são
exploradas em profundidade em Hunter et al (2003).
Despersonalização pode ocorrer como um fenômeno transitório em indivíduos
saudáveis, especialmente no contexto de fadiga, durante ou após a intoxicação
com álcool e / ou drogas, ou em situações que envolvem perigo sério (Noyes e
Kletti, 1977).
Também
pode ocorrer como um fenômeno crônico, incapacitante e clinicamente
significativo, seja como uma doença primária ou secundária em uma variedade de
configurações neuropsiquiátricos (transtorno depressivo maior, por exemplo,
esquizofrenia, epilepsia do lobo temporal). Até recentemente, havia um consenso
de que prevalecente
" o número de indivíduos que experimentam esta desordem em sua forma pura ou
isolada é pequeno, mais comumente, a despersonalização desrealização fenômenos
ocorrem no contexto de doenças depressivas, perturbações fóbica e
obsessivo-compulsivo. "(World Health Organization, 1992: p. 172). "
No entanto, revisões epidemiológicos (Bebbington et ai, 1997; Hunter et al,
2004) concluir que despersonalização clinicamente significativo pode afectar
1-2% da população em geral, com uma razão de sexo de cerca de 1:1.
Em
populações psiquiátricas, despersonalização é encontrado com frequência
surpreendente: um levantamento (Brauer et al, 1970) descobriu que ocorreu em 80%
de uma amostra de psiquiátrica os pacientes internados, e foi crónica e
incapacitante em 1/5 deste grupo.
Outros
trabalhos (Stewart, 1964; Simeão et al, 1997) sugere que despersonalização pode
ser o sintoma mais comum terceira psiquiátrico após ansiedade e do humor baixo.
Embora tais estudos nem sempre distinguir entre despersonalização primária e
secundária, parece provável que o transtorno primário é consideravelmente mais
comum do que se pensava anteriormente. Refletindo isso, duas séries de caso
importante foram recentemente publicados (Baker et al, 2003; Simeon et al,
2003b), compreendendo 204 e 117 casos respectivamente.
Fenomenologia
Embora os estudos empíricos de despersonalização são um desenvolvimentos
recente, existem algumas descrições ricas fenomenológicas em literatura mais
antiga (por exemplo, Schilder, 1928; Mayer-Gross, 1935; Shorvon et al, 1946;
Ackner, 1954), e estes continuam a ser de valor inestimável para
qualquer-presente clínico de hoje tentando entender a situação.
Mayer-Gross (1935) inclui uma série de auto-relatos de pacientes, que são
notavelmente similares às descrições dadas pelos pacientes atendidos na clínica
despersonalização Maudsley (Phillips et al, 2001a; Baker et al, 2003).
Uma
comparação sistemática dos casos históricos e atuais (Sierra & Berrios, 2001)
confirma que a doença apresenta uma consistência confiável fenomenológica.
Auto-relatos enfatizam a qualidade estranha e perturbadora da experiência
despersonalização: alguns pacientes relatam sentir "como um robô", "diferente de
todos 'e' separado de mim mesmo" (esta última deve ser entendida metaforicamente
em vez de tomar a experiência implica autoscópico).
Outros
descrevem sentimento "meio adormecidos" ou "como se minha cabeça está cheia de
algodão ', com as dificuldades associadas na concentração.
Realidade externa também pode ser estranhamente alterado: pode aparecer de
alguma forma artificial - como se 'pintou, não natural ", ou" bidimensional "ou"
como se todo mundo está representando um papel em um palco, e eu sou apenas um
espectador '.
Mesmo
que o mundo não seja necessariamente visto como irreal, não é menos experiente
como "menos interessante e menos vivo do que antes".
A
redução ou completa ausência de, sensações corporais é muitas vezes descrita
("como se eu fosse um corpo fantasma ',' minhas mãos parecem não pertence a
mim"), como são reduzidas intensidade na experiência de fome, sede e dor física.
Outro
tema freqüente é a redução ou perda de respostas emocionais: "minhas emoções se
foram, nada me afeta ',' eu sou incapaz de ter qualquer emoção, tudo é separado
de mim '.
Esta
perda da reatividade emocional pode ser particularmente perturbador para o
paciente e aqueles à sua volta, e pode ter sérios efeitos adversos sobre
relacionamentos íntimos.
As
características clínicas e avaliação
Uma avaliação clínica completa deve incluir uma história psiquiátrica e geral
médica completa e exame do estado mental.
O exame
neurológico pode ser apropriado se a história é sugestivo de epilepsia ou outra
doença orgânica (Lambert et al, 2002).
Na
história e exame do estado mental, atenção especial deve ser dada às seguintes
áreas.
Como descrito acima, despersonalização pode envolver vários tipos de alteração
na experiência subjetiva, e sua fenomenologia é muitas vezes mais complexo do
que se poderia supor a partir das descrições da CID-10 e DSM-IV.
Isto
deve-se ter em mente ao avaliar pacientes com esta condição, e pode ser útil
para subdividir uma avaliação em quatro categorias de sintomas
despersonalização, desrealização desomatisation, e de affectualisation.
Os
sintomas em qualquer um destes quatro domínios deve alertar o clínico para a
possibilidade de despersonalização.
Box
2
Divisão de sintomas de transtorno de despersonalização em quatro domínios
principais
- Sentido de despersonalização, de ser "separado de si mesmo", observando-se
como se de fora, sentindo-se como um robô ou autômato
- Desrealização, sensação de estranheza ou irrealidade no meio ambiente,
anomalias de percepção pode estar presente, outras pessoas podem
sentir-se como atores em um jogo
- Diminuição, perda ou alteração das sensações corporais, senso de
desencarnação, pode haver um limiar de dor aumentado
Uma
característica surpreendente do afeto é que não é normalmente acompanhada por
uma objectiva embotadas afectar tal como visto na esquizofrenia (Ackner, 1954;
tocha, 1978; Sierra e Berrios, 1998).
Esta
preservação do afeto normal pode ajudar a diferenciar a condição de depressão
maior.
Escalas
de avaliação pode ser útil para verificação de sintomas e rastreamento de
alterações ao longo do tempo - a escala Despersonalização Cambridge (Sierra &
Berrios, 2000) é particularmente útil (este é um "traço" de escala, mas há
também a versão "estado" modificada).
Início e padrão de sintomas
Na maior série de casos até à data (Baker et al, 2003), com idade média de
início foi de 22,8 anos, embora 30% relataram a idade de início inferior a 16
anos.
A
história típica é de que os sintomas são inicialmente episódica, com episódios
cada vez mais longa e severa até despersonalização é generalizada e constante.
Dentro
deste, no entanto, pode ainda haver alguma flutuação na intensidade dos
sintomas, mesmo que eles nunca são totalmente ausente. Alguns pacientes são
capazes de identificar os fatores que produzem uma mudança transitória na sua
condição - a luz artificial e as multidões são frequentemente descritos como
exacerbar os sintomas, enquanto que exercício físico e álcool pode proporcionar
algum alívio temporário.
Um
pequeno número de pacientes desenvolvem dependência de álcool, como resultado,
embora este parece ser incomum (Baker et al, 2003).
Às
vezes os sintomas são aparentemente precipitada por um período de estresse
psicológico: exemplos da nossa experiência clínica incluem cuidar de um
relacionamento doente terminal relativa e prolongada break-ups. Embora
precipitantes nem sempre são identificáveis, uma pesquisa para um evento de
precipitação (ou, mais comumente, série de eventos) deve sempre fazer parte da
avaliação.
Alguns
pacientes atribuem o início dos sintomas de um episódio de uso de drogas
ilícitas, particularmente de cannabis, mas o curso subseqüente e natureza da sua
condição não parecem diferir acentuadamente a partir de casos que não envolvam o
uso de drogas (Medford et al, 2003).
Uma
história de breves episódios estereotipadas de despersonalização acompanhada por
alterações cognitivas e / ou distúrbio de comportamento é sugestivo de epilepsia
do lobo temporal e devem ser investigados de forma apropriada.
Muitas
vezes, os pacientes têm sintomas durante muitos anos antes de consultar um
psiquiatra ou outro médico.
Na
série de casos relatada por Baker et al (2003), a duração média dos sintomas foi
de mais de 12 anos no momento do primeiro contato com uma clínica de
despersonalização especialista.
Em
certa medida, isso reflete o fato de que a condição é mal compreendida, e os
clínicos devem ser sensíveis à possibilidade de que pacientes podem ter tido
experiências frustrantes com profissionais de saúde e pode ter recebido
informações imprecisas e inúteis no passado.
Outras características associadas
Os
pacientes não raro descrevem uma tendência à ruminação filosófica, por exemplo,
"Se eu não sou realmente eu, então quem sou eu? ',' Como as coisas podem ser
reais, mas parecem não real?" Tais pensamentos tendem a ser circular e inútil, e
pode também tornar-se repetitivo e intrusivo.
Eles
podem ser acompanhados por obsessiva auto monitorização e auto-observação, que
pode se tornar crônica e refratária (Shorvon ET al, 1946; Schilder, 1950).
A
impressão clínica nesses casos é que estas tendências muitas vezes agravar a
situação, por aumentar a sensação de irrealidade e mal-estar existencial e,
assim, contribuindo para a perpetuação dos sintomas. Torch (1978) fornece uma
discussão particularmente útil da relação entre as tendências obsessivas e
despersonalização, ressaltando a relevância da personalidade pré-mórbida e
iluminando as dificuldades encontradas no tratamento de tais casos.
Alterações na percepção pode também ser descrita, como uma redução (ou, mais
raramente, um aumento) na nitidez de cores ou a impressão de que as percepções
visuais são estranhamente plana e bidimensional.
Outras
anomalias perceptivas e hipo ou hiperacuidade também pode ocorrer (Baker ET al,
2003).
Quando a perda da sensação corporal é uma característica proeminente, os
pacientes podem procurar alívio através de comportamento auto-agressivo como
cortar-se, embora este seja muito mais comum quando despersonalização ocorre no
contexto de um distúrbio mais grave da personalidade.
Presença ou ausência de outra psicopatologia
Em
particular, as características de depressão, ansiedade e transtornos do pânico e
transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) deve ser procurado.
Um
estudo recente de 109 pacientes com TOC revelou que cerca de 6% satisfeitos os
critérios para transtorno de despersonalização comorbidade (Lochner et al,
2004).
Além
disso, como descrito acima, os pacientes com despersonalização crônica exibem
frequentemente marcados tendências obsessivas, ainda que caiam curto de
satisfazer os critérios para o diagnóstico de TOC.
Também é importante explorar despersonalização fenômenos relacionados para
satisfazer a si mesmo que estes não são, de fato, experiências psicóticas.
Pacientes com despersonalização vai freqüentemente usam o descritor "como se" ao
tentar explicar as suas experiências - 'como se eu fosse um autômato "," como se
eu realmente não existe', 'como se o mundo não é real'.
Essas
experiências são difíceis de capturar em palavras, por isso não é surpreendente
que os pacientes dependem fortemente de símiles ou metáforas quando se tenta
comunicá-las.
No
entanto, se o clínico não é suficientemente vivo para o fato de que estes são de
fato símiles ou metáforas e que a percepção é preservada, uma perturbação
psicótica pode ser erroneamente diagnosticada.
Temos
visto uma série de casos em pacientes com despersonalização primária que tinham
sido previamente diagnosticados com esquizofrenia e começaram a medicamentos
antipsicóticos, que tinham, invariavelmente, seus sintomas pioraram.
Em
geral, que estabelece a presença ou ausência de outros sintomas deve permitir a
distinção entre despersonalização primária e secundária, embora se os fenômenos
despersonalização e afins são a queixa único ou predominante, pode ser razoável
para tratar o caso como um de despersonalização primário, mesmo quando não é uma
história de outros sintomas.
Em
geral, que estabelece a presença ou ausência de outros sintomas deve permitir a
distinção entre despersonalização primária e secundária, embora se os fenômenos
despersonalização e afins são a queixa único ou predominante, pode ser razoável
para tratar o caso como um de despersonalização primário, mesmo quando não é uma
história de outros sintomas.
Por
exemplo, muitos doentes com despersonalização (43% em Baker et ai, 2003)
descrevem uma história prévia de ataques de ansiedade ou pânico, e, em alguns
casos, pode haver uma clara relação temporal entre estes sintomas e sintomas de
despersonalização.
No
entanto, em outros indivíduos, pode haver nenhuma relação tais aparente, e em
qualquer caso, pode ser que os sintomas de ansiedade ou pânico há muito que
desapareceu quando o paciente procura ajudar despersonalização respeito.
Nesta
situação, um diagnóstico de despersonalização primária fornece a melhor
descrição dos problemas atuais.
Em
alguns pacientes, sintomas de despersonalização e ansiedade ocorrem em conjunto,
aparentemente alimentando um ao outro - a estranheza e o sentimento de
isolamento causado por combustíveis despersonalização da ansiedade e da
despersonalização, em seguida, se intensifica como uma defesa contra essa
ansiedade.
A
relação entre a despersonalização e ansiedade é discutido mais adiante na seção
sobre tratamentos psicológicos abaixo.
Considerações etiológicas
Mayer-Gross (1935) concebeu a despersonalização como uma "resposta pré-formada
do cérebro" - o que significa que ele acreditava ser uma resposta normal a
ameaça que poderia se tornar fixo e má adaptação em alguns indivíduos. Setenta
anos depois, este continua a ser uma idéia atraente. Os indivíduos saudáveis expostos
a perigo de vida quase sempre relatar pelo menos algumas características de
despersonalização (Noyes & Kletti, 1977), apoiando a idéia de que é uma parte
normal da resposta à ameaça avassaladora. Pode ser que, em indivíduos
susceptíveis, esta resposta é mais facilmente acionado e que, uma vez
estabelecido, torna-se despersonalização fixo e penetrante. Ambos os modelos
psicológicos (Sedman, 1970) e biológicos (Sierra & Berrios, 1998) sugerem que,
em despersonalização, respostas emocionais normais são 'desligar', levando a de
affectualisation com perda associada de tom emocional na experiência de si
(despersonalização , desomatisation) e um do ambiente (desrealização). Uma vez
estabelecidos, os sentimentos desagradáveis e
desconhecido e experiências que compõem o complexo de sintomas despersonalização
por sua vez pode gerar mais ansiedade, e assim por diante em um ciclo vicioso.
Isto pode ser a base da relação entre despersonalização e ansiedade vista em
alguns pacientes, como mencionado acima, e forma a base de uma conceptualização
cognitivo-comportamental recente (Hunter et al, 2003).
Fatores neurológicos
Neuroimagem funcional recente (Phillips et al, 2001b) e psicofisiológicos (Serra
et al, 2002) estudos descobriram evidências objetivas de uma resposta anormal
aos estímulos emocionais, de acordo com relatos dos doentes de perda da
reatividade emocional. O substrato neural para a 'desligamento' de respostas
emocionais se a hipótese (Sierra & Berrios, 1998) para ser uma combinação de
regiões pré-frontais inibindo áreas límbicas (especialmente a amígdala) e ações
recíprocas entre o córtex dorsolateral pré-frontal direito e córtex cingulado
anterior ( Phillips et al, 2001b). O córtex cingulado anterior é pensado para
jogar um papel importante na regulação de respostas emocionais normais (Drevets,
2000). No estudo de ressonância magnética funcional por Phillips et al (2001b),
uma área do córtex dorsolateral pré-frontal direito foi ativado em pacientes com
despersonalização quando eles viram cenas aversivas, durante a mesma tarefa
experimental, 'normais' controles não mostraram ativação de tais , mas eles
fizeram mostram ativação do córtex cingulado anterior. Outros trabalhos sugerem
que é o córtex cingulado anterior, que pode ter um papel direto na
despersonalização: um estudo de tomografia por emissão de pósitrons, em que o
tetrahidrocanabinol (THC) foi administrado a voluntários saudáveis encontraram
uma correlação positiva entre a ativação do cíngulo anterior eo grau de THC
induzida despersonalização (Mathew et al, 1999). Assim, há evidências de que a
convergir, em despersonalização, pré-frontais áreas corticais actuar para inibir
os circuitos neuronais que normalmente constituem o substrato da experiência
emocional, mas os detalhes precisos da neuroanatomia funcional subjacente
aguardar clarificação.
Modelos psicanalíticos
Teóricos psicanalíticos têm apresentado vários modelos para a compreensão da
gênese e manutenção da despersonalização. Estes variam amplamente, mas um tema
comum é a idéia de despersonalização como uma defesa contra, ou resultado de,
conflitos psíquicos que ameaçam a integridade do eu. Essas idéias são brevemente
revisados por
Ackner (1954). Freud descreveu sua própria experiência de um episódio isolado de
despersonalização numa carta a Romain Rolland, seu auto-exame forense dando
origem a algumas observações interessantes, ou não se encontra sua exegese
psicanalítica da experiência convincente (Freud, 1941). Torch (1987) dá o mais
completo relato contemporâneo psicanalítica, enfatizando o papel de pais
excessivamente exigentes e sentimentos decorrentes de inadequação, levando a
obsessiva auto-exame. A aplicabilidade geral deste modelo é questionável, mas um
número de pacientes que vimos têm exibido dinâmica da família semelhantes aos
descritos por tocha, e isto pode ser uma área onde um estudo mais aprofundado é
garantida. Um estudo sobre experiências de infância de adultos com
despersonalização encontraram uma associação entre o abuso emocional na infância
e os sintomas posteriores de despersonalização (Simeon et al, 2001b).
Endocrinologia
Estudos endócrinos de pacientes com despersonalização encontraram uma correlação
negativa entre severidade impressionante de despersonalização e norepinefrina
urinária (Simeon et al, 2003a). No entanto, existem dados conflitantes sobre a
relação entre despersonalização e os níveis de cortisol, com dois estudos
(Morozova et al, 2000; Stanton et al, 2001) relatórios de cortisol salivar
baixo, mas um outro achado (Simeon et al, 2001a) elevou o cortisol plasmático
Reconhecer e diagnosticar a doença em si pode ter benefícios terapêuticos.
Muitos pacientes expressam a sensação de que seus problemas são desconcertantes
e talvez única - um tema recorrente entre pacientes atendidos nossa clínica
despersonalização especialista é o alívio de descobrir, primeiro, que seu
problema seja reconhecido e descrito pela psiquiatria e, segundo, que eles não
são os únicos a sofrer com a doença. Por esta razão, os pacientes podem se
beneficiar do encaminhamento a uma clínica especializada.
Mas
esperamos também que a disseminação de informações sobre despersonalização
através de artigos como este permitirá que os psiquiatras gerais para se sentir
mais confiante sobre como diagnosticar e tratar a condição. No que diz respeito
a intervenções de tratamento específicas, ambas as abordagens farmacológicas e
psicológica podem ser de valor.
Consideramos estes separadamente aqui, embora na prática muitas vezes é
necessário combiná-los.
Abordagens farmacológicas
Não há
nenhum tratamento droga reconhecido para
despersonalização, e no momento de escrever sem drogas são licenciados para o
seu tratamento no Reino Unido. No entanto, há alguma evidência para apoiar o uso
de inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) antidepressivos, e,
mais recentemente, a combinação de lamotrigina e um ISRS tem se mostrado
promissora. As provas são revisados brevemente
aqui, mas deve salientar-se que ela é composta inteiramente de pequenos estudos
e relatos de casos isolados, e que os grandes estudos randomizados e controlados
não foram realizados.
Várias linhas de evidência dica de disfunção
serotoninérgica em
despersonalização. Simeon et
al (1995) descobriram que o metachlorophenylpiperazine agonista parcial da
serotonina induzido despersonalização em voluntários saudáveis, e há relatos de
casos de despersonalização sendo aparentemente precipitados por iniciação (Black
& Wojcieszek, 1991) e suspensão (Hollander et al, 1993), de um ISRS , os
medicamentos envolvidos sendo fluoxetina e clomipramina, respectivamente.
(Embora a clomipramina é classificado como um tricíclicos, seu modo de ação é
muito mais semelhante ao do ISRS do que outros tricíclicos.) Há relatos de casos
isolados (Ratliff & Kerski, 1995; Strohle et al, 2000) descrevem boa resposta à
SSRIs, este último em um paciente com despersonalização no contexto
da esclerose múltipla. Um pequeno estudo por Hollander et al (1990) encontraram
evidências de benefício terapêutico para os ISRS, embora os pacientes neste
estudo foram a um grupo heterogêneo com altos níveis de comorbidade
psiquiátrica.
Simeon et al (1998) estudou os efeitos da clomipramina em sete pacientes com
despersonalização primário, mas encontraram benefícios significativos em apenas
dois casos. Um grande estudo placebo-controlado randomizado de fluoxetina teve
efeito antidepersonalisation pouco específico (Simeon et al 2004).
A nossa própria experiência clínica tem sido a de que muitos pacientes
encaminhados à nossa clínica ter sido em
um ISRS por longos
períodos com pouco ou nenhum impacto sobre seus sintomas, e isso nos levou a
investigar outras terapias farmacológicas potenciais, em particular o
anticonvulsivante lamotrigina. A lamotrigina actua na membrana pré-sináptica
para reduzir a libertação de
glutamato, e tem sido demonstrado para inverter despersonalização relacionados
com fenómenos induzidos pela N-metil-d-aspartato cetamina antagonista (NMDA) em
indivíduos saudáveis (Anand et
al, 2000) . Na ausência de grande escala ensaios clínicos randomizados, e na
presença de conflito de dados publicados (ver abaixo), a eficácia da lamotrigina
(quer como monoterapia ou em conjunto
com um SSRI) ainda não está firmemente estabelecida, mas é muitas vezes o nosso
primeira linha de tratamento para a doença.
Um estudo inicial de lamotrigina em monoterapia em quatro pacientes com
despersonalização primário encontrado benefícios substanciais em todos os casos
(Serra et al, 2001), mas um posterior estudo controlado com placebo cross-over
de nove pacientes não encontraram benefícios significativos da droga (Serra et
al , 2003). No entanto, nossa experiência clínica sugere que a lamotrigina não
beneficiar alguns pacientes com despersonalização primária, embora este efeito
pode ser mais confiável quando o medicamento for administrado em conjunto com
um SSRI (mais detalhes disponíveis a partir dos autores a pedido).
A lamotrigina deve ser iniciada com uma dose inicial de 25 mg / dia, com a dose
gradualmente aumentada em intervalos de duas semanas. Os pacientes devem ser
monitorados para hematológicas e dermatológicas efeitos colaterais (consulte as
diretrizes britânicas Formulário Nacional para mais detalhes; British Medical
Association & Royal Pharmaceutical Society of Great Britain, 2004).
Stevens-Johnson é um efeito raro, mas potencialmente grave adversa. Os níveis
sanguíneos de lamotrigina também devem ser monitorados, particularmente se o
fármaco é
utilizado em combinação com a sertralina, como existe um relatório de dois
indivíduos com epilepsia em quem sertralina aparentemente produzida alterações
marcadas nos níveis de lamotrigina (Kaufman e Gerner, 1998), embora Parece que
essas interações são raras.
Quando a lamotrigina não pode ser tolerada ou é ineficaz, clonazepam pode ser
útil, embora as ressalvas usuais sobre a prescrição de benzodiazepinas são
aplicáveis. Embora a literatura sobre o uso de clonazepam na despersonalização
é escasso, um estudo descobriu que níveis reduzidos de cafeína-induzida
desrealização em um único indivíduo (Stein & Uhde, 1989). Um papel para
drogas ansiolíticas é também sugerido pelos dados de Nuller (1982), e um
relatório recente caso descreve um indivíduo com despersonalização primária
tratada com sucesso com uma combinação de clonazepam e citalopram (Sachdev,
2002). Como observa Sachdev, a mesma combinação, aparentemente, foi encontrado
eficaz por um número de contribuintes para um quadro de avisos internet para
pessoas com despersonalização.
Nuller et al (2001) encontraram um efeito transitório benéfico significativo da
infusão de naloxona sobre sintomas de despersonalização em 10 dos 14 pacientes
estudados. Este resultado sugere intrigante um possível papel do sistema de
opióides endógenos na patogénese da despersonalização, e a possibilidade de que
o anti-opióides drogas podem ter valor terapêutico. Até à data, esta hipótese
não tem sido explorado ainda mais na literatura, apesar de os resultados
impressionantes a partir deste estudo piloto. No entanto, um estudo aberto
encontrou evidências de um papel para a naltrexona antagonista do receptor
opióide no tratamento dos sintomas dissociativos no contexto da personalidade
limítrofe (Bohus et al, 1999), e pode ser de nota que o receptor kapa opióide
selectiva enadoline agonista foi encontrado para induzir a despersonalização,
embora este fosse apenas um dos inúmeros relatos de efeitos físicos e
psicológicos (Walsh et al, 2001).
As
abordagens psicológicas
Tal como acontece com farmacoterapia, não existe um tratamento reconhecido
psicológica para despersonalização. Há relatos de casos isolados que descrevem
um tratamento bem sucedido usando a terapia psicanalítica (Torch, 1987), terapia
comportamental (Sookman & Solyom, 1978) e directiva terapia (Blue, 1979), embora
nestes dois últimos relatórios dos pacientes descritos têm altos
níveis de psicopatologia comorbidade e não pode haver casos de despersonalização
primária.
Mais recentemente, um modelo cognitivo comportamental da despersonalização tem
sido proposto (Hunter et al, 2003). É baseado na idéia, tocou em no início deste
artigo, que a ansiedade e a despersonalização estão intimamente relacionados, e
que a despersonalização é melhor conceituada como relacionado a transtornos de
ansiedade, em vez de condições dissociativos.
O modelo sugere que existem várias maneiras em que a despersonalização pode
inicialmente surgir, relacionadas com algum fator estressor externo psicológica
e / ou como conseqüência de uma alteração do estado mental (humor baixo, por
exemplo, ansiedade, uso de drogas). Decisivamente, naqueles em que a
despersonalização se torna crônica e patológica, o aparecimento de
características despersonalização é interpretado como altamente ameaçador
("atribuição catastrófico"), levando a uma série de cognições e comportamentos
que podem servir para perpetuar e intensificar os sintomas. Isto
leva a uma série de sugestões práticas para o tratamento, visando a
psicoeducação, a redução de "comportamentos de segurança" de esquiva (como
evitar situações sociais) e excesso de auto-observação (por exemplo, olhando no
espelho para ver se mudou), e desafiando o estilo "catastrófica" de atribuição
(por exemplo, idéias como "Meu cérebro não está funcionando '). Este modelo
constitui a base para a terapia cognitivo comportamental abordagem (CBT)
utilizado em nossa clínica, que é realizado por um psicólogo clínico treinado em
TCC, geralmente em combinação com
a farmacoterapia iniciado e monitorizado por um psiquiatra.
As técnicas de relaxamento, como relaxamento muscular progressivo não parecem
ser de benefício em
despersonalização. Com efeito,
verificou-se que os pacientes com despersonalização pode realmente experimentar
um aumento nos sintomas após o uso de relaxamento muscular progressiva
(Fewtrell, 1984). No entanto, as técnicas que visam reorientar a atenção de
introspecção e auto-observação pode ainda revelar-se de benefício, e para este
fim o uso de métodos de biofeedback podem ser um caminho interessante para
estudo futuro.
1- A
seguir estão desordem despersonalização verdade a respeito:
- início é geralmente mais de 30 anos de idade
- pacientes normalmente apresentam delírios niilistas
- anomalias de percepção pode estar presente
- ele pode ser aparentemente precipitado por uso de drogas
- ensaios controlados por placebo demonstraram um papel para os ISRS.
2 - Na desordem de depersonalisation, o
seguinte é sintomas típicos:
- dificuldade em concentração
- perda de reatividade emocional
- compulsório comer demais
- inquietude
- autoscopy.
3 - O seguinte foi descrito em parceria
com a desordem:
- reduzido amygdala resposta a imagens aversive
- plasma levantado cortisol níveis
- níveis de cortisol salivares levantados
- uma correlação com abuso emocional em infância
- história de ataques de pânico.
4 -
Quanto ao tratamento da DP:
- há linhas guias de tratamento bem estabelecidas
- o olanzapine é normalmente útil na redução de sintomas
- o fluoxetine foi recentemente mostrado para ser eficaz em depersonalização
- o CBT pode ter um papel
- o clonazepam é útil em alguns pacientes.
5 -
Quanto ao uso de lamotrigine em desordem de depersonalização:
- as provas controladas tornadas aleatório confirmaram a sua eficácia
- a síndrome de Stevens-Johnson é um efeito averso aprovado
- o haematological e indices bioquímico devem ser controlados
- o lamotrigine pode ser mais eficaz quando dado com um SSRI
- o lamotrigine pode interagir adversamente com sertralina.
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Um estranho no espelho(Larissa Jansson)
“Eu me olho no espelho e não me reconheço... E
estranho a minha voz. Partes do meu corpo também são estranhas... O mundo parece
irreal, um sonho constante. Não sei explicar!” diz a estudante de biomedicina
Ana, 21 anos, que sofre de transtorno de despersonalização e desrealização, um
tipo de transtorno dissociativo.
Nos quadros dissociativos há um comprometimento da percepção do indivíduo em
relação à consciência, memória, identidade e ao ambiente à sua volta. Em
situações normais, essas funções devem ser reconhecidas como únicas e
interligadas.
Podem ocorrer sensação de anestesia sensorial
(sentidos menos sensíveis aos estímulos do ambiente) e sentimento de perda de
controle de algumas funções, como a da fala. A despersonalização pode ser
resumida como uma sensação de irrealidade para com o próprio corpo. É como se
ele não fosse do indivíduo ou não existisse.
Problemas em comum
Com a sensação de que o mundo parece irreal, um
sonho, a pessoa se sente como se estivesse “dentro de um filme”, onde tudo ao
seu redor parece estranho e mecânico. Na desrealização, os objetos podem ser
percebidos de maneira alterada no tamanho e na forma (macroscopia e
microscopia). A desrealização pode estar presente sem a despersonalização. Nesse
caso, os problemas de percepção estão ligados com a realidade e não com o corpo.
A psicóloga Giovana Tessaro explica que a despersonalização e a desrealização
podem ser sintomas de outros problemas. “Elas podem surgir em outros quadros
patológicos como depressão maior, transtorno de estresse pós-traumático e abuso
de substâncias tóxicas. São bastante comuns em ataques de pânico”. Nesses casos,
se a causa do problema for tratada, a despersonalização e a desrealização tendem
a desaparecer. “O maior número de casos com sintomas de despersonalização e
desrealização são concomitantes a doenças como essas. É difícil encontrar um
paciente apenas com transtorno de despersonalização”, diz a psicóloga.
O transtorno de despersonalização é diagnosticado quando não há outra doença
presente e a frequência dos sintomas causa muito sofrimento e prejuízo na
qualidade de vida do paciente. Nos quadros de despersonalização e desrealização
crônicas, a angústia do indivíduo pode ser tão intensa a ponto de causar desejo
suicida, o que requer ajuda especializada rápida.
Tensão cerebral
Há evidências de hiperativação interna do córtex pré-frontal (área do cérebro
envolvida na tomada de decisões e controle emocional) e hipoativação das
amígdalas (onde ficam registradas as memórias emocionais). Isso estabelece um
estado contraditório de hipervigilância e apatia. O cérebro está sempre alerta,
mas as emoções são fracas. E essa tensão cerebral causa muito cansaço e
indisposição.
Podem existir sintomas de ansiedade e depressão, pensamentos obsessivos e
confusão quanto ao sentido do tempo, que parece passar muito rapidamente.
Sonolência excessiva, sensação de não existir e de cabeça vazia e pressão na
cabeça são comuns nesses pacientes.
Pessoas com despersonalização e desrealização apresentam dificuldades para
sentir emoções e identificá-las. Há a lembrança dos fatos intelectualmente, mas
não emocionalmente. Existem também problemas de concentração, percepção, memória
e tendência ao isolamento.
O estudante de publicidade Hugo Galvão, de 22 anos, teve várias crises de pânico
que culminaram em despersonalização. Mesmo com o fim das crises, o quadro
continuou. Galvão procurou vários médicos e psicólogos, mas nenhum conseguiu
identificar o transtorno. Foi orientado a tomar um antidepressivo que agravou os
sintomas. Ele descobriu o problema através de pesquisas e fóruns na internet.
“Começou há mais ou menos um ano. Não consigo sentir as mesmas emoções de antes.
A natureza, um passeio em uma noite estrelada antigamente eram motivos de muita
alegria. Hoje, por mais que eu tente, não consigo sentir emoções como antes”,
lamenta.
Hugo também reclama de problemas sensoriais. “O que mais me incomoda é sentir
meu corpo flutuando. Vejo os objetos com tamanho ampliado, não sinto partes de
meu corpo, geralmente do lado esquerdo. A visão fica embaçada, falta
concentração. Já fui quase atropelado por causa da percepção ruim”.
A dor de não conseguir sentir as emoções satisfatoriamente pode levar ao
desespero quem sofre de despersonalização e desrealização. Esse tipo de
comportamento pode fazer com que o indivíduo se coloque em situações arriscadas
ou viva de forma turbulenta.
Frustrada com sua insensibilidade devido ao mesmo problema de Hugo, a psicóloga
Carla, de 25 anos, fica agressiva. “Tenho impulsos agressivos sim, devido ao
fato de estar nessa situação. Tem dias em que não me conformo com minha
condição. Já quebrei celular, quebrei um dente da minha mãe, quebrei secador,
tudo por conta de perceber que não sinto nada”, desabafa.
Consciência paralela
A psicóloga e pedagoga Sandra Silva acredita que as oscilações de humor entre
apatia e agitação, falta de concentração e percepção e em alguns casos
agressividade podem levar a diagnósticos equivocados como transtorno bipolar,
transtorno de personalidade borderline, ciclotimia ou transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH). “A medicação usada no TDAH, Ritalina, é
perigosa para quem tem despersonalização e desrealização. Os sintomas são os
mesmos, mas os cérebros funcionam de formas opostas”.
Para Jorge Teixeira, situações traumáticas têm papel importante no quadro
dissociativo. “Isso ocorre como uma reação a um acontecimento traumático,
criando um bloqueio da consciência em relação ao evento. Dessa forma o indivíduo
cria uma ‘consciência paralela’, evitando entrar em contato com as lembranças
ruins”, explica.
Sandra Silva afirma que a despersonalização e a desrealização podem ter início
na infância. “Quando a realidade do meio é dura demais para a criança, algo
acontece em sua mente. Em vez de lidar com essa realidade difícil, joga as
informações no inconsciente e começa a viver no seu mundo paralelo,
desenvolvendo uma forma possível de sobrevivência”, diz. Sandra explica que a
mente faz isso independentemente da vontade da pessoa e que o cérebro fixa esse
novo comportamento com o passar do tempo.
Giovana Tessaro também liga a dissociação a problemas no lar. “Traumas,
situações de abuso, desamparo e abandono ocorridas principalmente na infância
são a causa do problema. Na medida em que os traumas são resolvidos os pacientes
melhoram a percepção de si e do mundo”.
Sandra diz que os pais precisam ficar atentos a qualquer sinal de isolamento da
criança. “Se notarem excessivo isolamento, encaminhem-na a um profissional, que
terá meios de identificar o problema. Quanto mais cedo o tratamento iniciar,
maiores serão as chances de recuperação, pois o cérebro ainda não se fixou a
esse modo de funcionar”, aconselha. Os pais precisam ter em mente que devem
fazer do lar um lugar seguro e saudável.
Além de traumas de infância, toda situação de estresse extremo, dor, conflito ou
perda podem desencadear a doença.
Drogas
Além da despersonalização e da
desrealização causada por traumas e estresse, há exemplos de casos originados
por uso de drogas e álcool. A estudante Vanessa, de 22 anos, com dificuldade
para controlar a ansiedade, fez uso de maconha para relaxar. Enquanto usava a
droga, ela sofreu uma crise de pânico seguida de desrealização permanente.
“Agora eu sei que a maconha pode começar uma desrealização. Descobri da pior
forma”, lamenta.
Devido ao estado de ansiedade e estresse constantes na despersonalização e
desrealização, é preciso tomar cuidado com tudo o que altere a já estimulada
química cerebral. A medicação receitada precisa ter base em estudos publicados
sobre o tema.
Larissa Jansson é jornalista
[Fonte: Vida e Saúde – Jul 2011, p.47 a 49]
A Neurofisiologia da Dissociação(Robert c. Scaer)
A
dissociação, enquanto condição psiquiátrica clínica, tem sido primariamente
definida em termos da fragmentação e cisão da mente e da percepção do self e do
corpo. Suas manifestações clínicas incluem percepções e comportamentos
alterados, tais como desrealização, despersonalização, distorções na percepção
do tempo, espaço e corpo, e conversão histérica.
Usando
como exemplo modelos animais, e as características clínicas da “Síndrome do
efeito chicote”, desenvolvemos um modelo de dissociação ligado ao fenômeno de
congelamento/imobilidade. Também, empregando conceitos atuais da psicobiologia
do transtorno de estresse de pos-traumático (TSPT), propomos um modelo de TSPT
relacionado com a disfunção cíclica do SN autônomo, deflagrada e mantida pelo
modelo laboratorial de “ativação cíclica” (kindling) e perpetuada através de um
profundo grau de aumento do tono vagal dorsal e pelo sistema de recompensa
endorfinérgica. Por sua vez estes eventos fisiológicos contribuem com o estado
clínico da dissociação. A desregulação autonômica resultante é apresentada como
o substrato para um grupo variado de doenças crônicas de origem desconhecida.
Sistema
nervoso autônomo; Conversão; Dissociação; “ativação cíclica” (Kindling); RSD
(distrofia simpático reflexa)
Publicado em: Applied Psychophysiology and Biofeedback, (2001), 26(1), 73-91,
baseado numa apresentação na 31ª reunião anual da Association for Applied
Psychophysiology and Biofeedback, 29-April 2 de março de 2000, Denver, CO.
Endereçar correspondência para:
Robert C. Scaer, MD /372 Brook Circle / Boulder, CO 80302 /Te(303) 544-0717 /
E-mail: scaermdpc@aol.com
Durante
as últimas duas décadas do século 19, os psiquiatras de Europa começaram a
explorar e definir o comportamento estranho manifestado por pacientes
classificados na categoria diagnóstica de histeria. Pierre Janet, em
Salpetriere, descreveu a dissociação como uma fobia de recordações, expressa na
forma de respostas físicas excessivas ou inapropriadas, diante dos pensamentos
ou recordações de traumas antigos (a Janet, 1920). Depois de visitar Janet,
Freud adotou muitos destes conceitos de dissociação como uma divisão da
consciência, freqüentemente associada com sintomas e manifestações físicas
estranhas, e finalmente atribuiu tais sintomas de seus pacientes histéricos a
uma história de abuso sexual na infância (Freud, 1896).
A
evolução do conceito de dissociação levou à descrição de uma constelação de
variadas manifestações clínicas a ele atribuídas, incluindo percepções
alteradas da sensação física, tempo, memória, e das percepções do self e da
realidade. Expressões complexas destes estados incluíam Transtorno de conversão,
estados de fuga e personalidades múltiplas (transtorno dissociativo de
identidade) (Freud & Breuer, 1953, Mayer-total,W., 1935, Spiega & Cardena,
1991, Bremner, al de et, 1992). Assim o conceito de dissociação evoluiu para
incluir não só aberrações mentais e emocionais, como também experiências
perceptuais e motoras e expressões somáticas incomuns e estereotipadas.
Todos
estes sintomas e comportamentos eram considerados seqüelas de traumas anteriores
na vida. Considerava-se que o mecanismo básico de dissociação era envolver e
isolar as partes cindidas da memória ou da percepção, para escapar da
intolerável ansiedade ativada por essas áreas da mente que retinham os elementos
do conflito traumático. O alívio daquele conflito pela dissociação histérica
resultaria no alívio da ansiedade, provocando às vezes a aceitação aparentemente
blasé de condições físicas incapacitantes (“la belle indifference”).
Freud
entretanto, logo começou a revisar seus conceitos de histeria, e em 1925 tinha
se retratado das teorias sobre a relação da histeria e a dissociação com traumas
de infância (Freud, 1959). Ele atribuiu às estórias de abuso sexual na infância
das pacientes histéricas à fabricação, baseada em desejos sexuais inaceitáveis e
fantasias que elas não podiam reconhecer. Como resultado, o papel do trauma de
infância na etiologia da dissociação foi basicamente ignorado durante décadas.
A
introdução do diagnóstico de Transtorno de estresse pos-traumático (TSPT) no
Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais, 3ª edição (DSM III) em
1980 também resultou na reclassificação de muitas das condições antes atribuídas
a trauma e dissociação, e em alguns casos se ignorou a associação delas com
traumas anteriores de vida (Associação Psiquiátrica Americana, 1980). Van der
Kolk et al (1998) notaram que, no DSM IV, são incluídos sintomas de dissociação
sob categorias diagnósticas não só de TSPT, mas também de Transtorno de estresse
Agudo, Transtorno de Somatização e Transtorno Dissociativo propriamente dito,
(van der Kolk, et al, 1998). De fato, no DSM IV, o Transtorno Dissociativo não
inclui o Transtorno de Conversão, que foi colocado agora como Transtorno
Somatoforme.
Desde o
DSM III, o diagnóstico de histeria não existe em nenhuma parte. Van der Kolk et
al (1998) fez um esforço no sentido de que a dissociação, a somatização e a
desregulação afetiva fossem considerados expressões resultantes do trauma, mesmo
na ausência de outros critérios para o diagnóstico de TSPT. Neste sentido eles
ecoam as preocupações de Nemiah (1995), quem nota que os diagnósticos de TSPT,
Transtorno de conversão e Dissociação estão conectados pelo processo comum da
própria dissociação, e que a sua disparatada colocação em categorias diferentes
do DSM IV inibe a investigação da psicodinâmica do trauma.
Esta
tentativa de voltar aos conceitos de uma resposta relativamente ampla do
organismo ao estresse traumático é crítica na nossa consideração da
neurofisiologia do trauma e seus efeitos, não somente nos sistemas do cérebro e
no sistema endócrino, como também no corpo em
si. Quandoaceitamos o enunciado que as expressões clínicas de
uma multidão de síndromes psiquiátricas não só derivam da condição genética, mas
talvez também da experiência de vida e seus efeitos duradouros na fisiologia do
cérebro, devemos voltar ao conceito de um “continuum” fisiológico entre muitos
diagnósticos psiquiátricos.
TIPOS CLÍNICOS DE DISSOCIAÇÃO
Um dos
dilemas da classificação dos sintomas dissociativos é que eles assumem formas e
expressões muito variadas:
· Os
sintomas podem ser emocionais, perceptuais, cognitivos ou funcionais.
· Os
sintomas podem envolver a percepção alterada do tempo, espaço, senso de self e
realidade.
· As
expressões emocionais podem variar do pânico até o entorpecimento e catatonia.
· As
percepções sensórias alteradas podem variar da anestesia e analgesia até a dor
intolerável.
· As
expressões motoras freqüentemente envolvem fraqueza, paralisia e ataxia, mas
também podem se apresentar como tremores, disartria, sacolejos e convulsões
(veja a discussão sobre a reação de conversão, mais adiante).
· Os
sintomas cognitivos podem envolver confusão, disfasia, discalculia e déficits
severos de atenção.
· Os
sintomas perceptivos incluem negação e negligência.
· As
alterações de memória podem aparecer como hipermnésia na forma de flashbacks, ou
como amnésia na forma de estados de fuga ou de amnésia traumática mais seletiva.
· Assim, os
variados sintomas da dissociação refletem a natureza bipolar intrínseca dos
sintomas que definem o TSPT (ativação-revivência-entorpecimento-evitação).
· A
percepção do tempo é freqüentemente muito alterada, geralmente caracterizada por
um senso de lentificação (Terr, 1983).
· A
percepção alterada do self (despersonalização) pode se manifestar como uma
experiência de estar fora do corpo, ou um senso de intensa familiaridade (de
ja’vu) (Pynoos, al de et, 1987). Em sua expressão mais extrema, a
despersonalização pode se manifestar pela percepção de vários estados de self
separados na forma de personalidades distintas (Transtorno Dissociativo de
Identidade), cada uma com características de personalidade e até mesmo atributos
físicos específicos (Mayer-total, 1935). Pessoas ou eventos estranhos podem
parecer familiares, enquanto faces e cenas familiares podem parecer estranhas ou
desconhecidas.
· Recordações
anormais também constituem um fenômeno dissociativo significativo. A amnésia
simples do evento traumático é freqüente, e pode se apresentar como amnésia
completa, ou como conteúdo de memória inexato ou distorcido (Torrie, 1944, Terr,
1983). Estados de fuga apresentam um estado extremo de amnésia, caracterizada
por períodos de tempo sobre o qual o paciente dissociativo não tem qualquer
lembrança, freqüentemente ativados pela exposição a sinais que trazem
reminiscências de um trauma anterior. Durante esse tempo, a pessoa pode parecer
distraída e não se lembrar de fatos pessoais. Mais freqüentemente, pode parecer
confusa, histriônica, socialmente inapropriada ou bizarra (Fisher, 1945).
· Talvez o
sintoma mais característico da dissociação seja o flashback. Este tipo de
episódio é distintivo porque envolve intensa ativação e reexperiencia, sintomas
mais relacionados ao TSPT agudo do que à dissociação (Mellman, & o Davis, 1985).
Durante estes episódios, que podem ser breves ou durar várias horas ou mesmo
dias, com freqüência a pessoa terá também experiências mais tipicamente
dissociativas tais como despersonalização. Os processos sensórios e a percepção
podem ser muito distorcidos. Durante os flashbacks, a pessoa pode parecer
confusa e desligada, mas depois ela pode relatar experiências sensórias e
memórias vívidas, freqüentemente associadas com intensas emoções e estados de
ativação. A exatidão das lembranças associadas pode variar em graus de validade
ou distorção.
· As
reações de conversão e histeria já não são descritas no DSM IV como transtornos
de dissociação (Associação Psiquiátrica Americana, 1994). Na realidade o DSM IV
chega ao ponto de afirmar que quando sintomas dissociativos e de conversão
acontecem no mesmo paciente, ambos os diagnósticos devem ser feitos. A base
neurofisiológica e fisiopatológica para a dissociação proposta neste artigo,
porém, demanda que a conversão seja re-introduzida como uma forma específica de
dissociação, que é muito ligada às alterações perceptuais e somáticas que são,
na realidade, características intrínsecas do processo dissociativo. O modelo
apresentado propõe que os sintomas neurológicos atípicos e os sinais que
caracterizam a conversão constituem alterações perceptivas baseadas em traumas
anteriores, e representam à mesma cisão de consciência que produz as desordens
na percepção de tempo, espaço, realidade e self apresentadas acima. Como tal a
conversão, como também outros sintomas de dissociação (analgesia, dor,
paralisia, ataques convulsivos), podem ser associados com o mesmo espectro de
fenômenos positivos e negativos relativo ao TSPT.
MEMÓRIA, TRAUMA E DISSOCIAÇÃO
Os
transtornos de memória, na forma de re-experienciar, constituem uma das
categorias diagnósticas para TSPT. Como foi assinalado acima, isso pode aparecer
na forma de hipermnesia, amnésia ou distorção da memória. Os fenômenos de
memória baseados em trauma envolvem freqüentemente a memória declarativa
(explícita, semântica), na forma de lembranças verbais e imaginárias do evento
traumático, de precisão variável. A memória declarativa, a forma de memória que
se relaciona a fatos e eventos, envolve inicialmente caminhos hipocampais e
corticais pré-frontais, tendo um papel importante na recuperação consciente de
eventos relacionados ao trauma. Também é notoriamente inexata e sujeita a
declino.
A
memória de procedimento se relaciona à aquisição de habilidades motoras e
hábitos, ao desenvolvimento de recordações emocionais e associações, e ao
armazenamento de respostas sensório-motoras condicionadas. Esta memória é
inconsciente, implícita e extremamente resistente à deterioração, especialmente
se é ligada a informações de alto conteúdo emocional ou relacionadas com ameaças
(van der Kolk, 1994). Embora a memória declarativa possa responder por muitos
dos sintomas cognitivos do TSPT baseados na alta ativação, a memória de
procedimento promove uma ligação condicionada aparentemente inquebrável que
perpetua o ciclo neural de trauma e dissociação.
Sistemas endógenos de compensação (opiáceos) muito provavelmente contribuem com
o estabelecimento da memória de procedimento condicionada no trauma. Os
investigadores souberam por décadas que a exposição ao trauma intenso em combate
resulta freqüentemente num período prolongado de analgesia. Soldados feridos em
combate freqüentemente requerem doses de morfina muito mais baixas do que as
usadas em outros tipos de feridas incidentais (Beecher, 1946).
A
analgesia induzida pelo estresse é um fenômeno bem documentado em muitas formas
de estresse traumático (van der Kolk, Greenberg, Orr & Pittman, 1989). A
liberação de endorfinas na hora do estresse agudo traz um benefício especial
para a sobrevivência. Um animal que, por causa da dor, se dedicasse a cuidar
suas feridas no momento em que acontece um ataque agressivo e ameaçador, teria
suas capacidades defensivas significantemente diminuídas. As endorfinas também
persistem durante a fase de congelamento/imobilidade, causando analgesia ao
animal que é atacado. Isto também tem um valor potencial de sobrevivência, na
medida em que a persistência da imobilidade enquanto o animal sofre feridas
dolorosas pode ajudar a deter o comportamento agressivo do predador. Entretanto,
no caso de falta de conclusão da resposta de congelamento/imobilidade, a
dissociação persistente recorrente com compensação endorfinérgica associada pode
potencializar o reflexo de trauma “ativado ciclicamente” (kindled). A influência
das endorfinas também pode contribuir com o fenômeno de re-atuação compulsiva do
trauma (van der Kolk, 1989).
Durante
décadas foram estudados a fisiologia e o comportamento da resposta de
congelamento. O congelamento é visto habitualmente no mundo selvagem,
inicialmente como um estado de imobilidade alerta, como quando um alce assume um
estado imóvel na presença de um predador. Este estado pode preceder a fuga
súbita, ou se o alce for atacado e capturado pelo predador, pode se transformar
num estado mais profundo de congelamento, associado com uma não-responsividade
aparente e com marcantes mudanças no estado basal autonômico. A imobilidade
inicial tem a vantagem, para o animal presa, de ajudá-lo a permanecer escondido,
especialmente porque freqüentemente são necessários sinais de movimento para
eliciar o ataque do predador. Todos os animais manifestam a imobilidade alerta,
um estado chamado por Krysta (1988) de “hipnose animal”.
No caso
de ataque, quando a criatura se encontra desamparada, um nível de congelamento
diferente é eliciado, como foi notado acima. Estudos deste fenômeno em
laboratório tiveram resultados interessantes. Hofer (1970) expôs roedores a uma
variedade de estímulos relacionados com o predador, num espaço aberto sem meios
de fuga. Todos os roedores entraram num nível profundo de congelamento que
persistiu por até 30 minutos. Este estado era associado com uma marcada
bradicardia associada com arritmia cardíaca, o que sugere um pronunciado tono
vagal ou parassimpático.
Ginsberg (1974) imobilizou pintinhos, depois permitiu a um grupo se recuperar
espontaneamente e submeteu o outro grupo, enquanto se recuperava, a cutucadas e
outros estímulos para terminar o congelamento. Estes grupos, junto com um
terceiro grupo de pintinhos que não tinham sido imobilizados, foram testados
para avaliar sua resiliência para evitar a morte por afogamento. O grupo que não
foi permitido de completar espontaneamente a recuperação da imobilidade morreu
primeiro, o grupo que não foi exposto à imobilidade morreu a seguir, e o grupo
que se recuperou espontaneamente do congelamento sobreviveu mais tempo.
Claramente a experiência de se recuperar espontaneamente do congelamento
beneficia a sobrevivência, enquanto que a impossibilidade de passar por este
processo de recuperação pareceu reduzir a resiliência diante de ameaças de vida.
A chave
deste processo parece girar em torno do estado de desamparo ou da falta de
controle. Em experimentos de afogamento, ratos selvagens nadaram até 60 horas
antes de morrer por exaustão. Outros ratos foram imobilizados nas mãos do
investigador antes de serem colocados na água, eles se afogaram em
minutos. Alguns ratos
experimentaram morte súbita durante imobilidade induzida (Richter, 1957). A
resposta de congelamento é claramente associada com alto risco para o animal, se
não lhe for permitido dissipar tal congelamento espontaneamente.
Estudos
com animais em situação de choque inescapável (IS) ilustram este dilema mais
amplamente. Os animais expostos a estímulos significativos de choque num
ambiente a prova de fuga, congelam depois da exposição ao choque. A subseqüente
introdução de rotas de fuga não elicia o comportamento de fuga neles, mas
permanecem congelados e continuam exibindo desamparo (Seligman, 1975). Parecem
incapazes de aprender com as experiências novas, até mesmo com aquelas
experiências que promovem a fuga ou a sobrevivência. Entretanto, animais
expostos a um choque do qual podem escapar (ES) logo aprendem a usar a rota de
fuga e não congelam (Fanselow & Lester, 1988). O fator crítico no trauma parece
ser o grau de controlabilidade nos resultados diante da ameaça vs. o grau de
desamparo. Van der Kolk, et al, perceberam semelhanças notáveis entre a resposta
humana no trauma e a resposta animal no choque sem escape possível (IS), e
sugeriram que o choque sem escape (IS) pode ser um modelo para a compreensão do
TSPT (van der Kolk, et al,1985).
Nijenhuis, et al (1998) apresentaram como novo modelo de dissociação em seres
humanos, uma analogia com a alteração nos comportamentos de defesa e
recuperação em animais expostos a IS (Nijenhuis, et al,1998). Neste modelo,
estímulos condicionados associados a ameaças (CS) eliciariam automaticamente uma
resposta dissociativa ou de congelamento, em lugar de uma resposta condicionada
mais específica ao estímulo. Assim, a dissociação persistente incitaria o
animal, ou o ser humano, a continuar congelando ou dissociando diante de uma
gama cada vez mais extensa de estímulos que poderiam ser associados com ameaça.
Levine
(1997) leva o modelo filogenético um passo mais adiante, comparando a falta de
recuperação do congelamento ou resposta de imobilidade, com a retenção da
energia que fica armazenada e não descarregada toda vez que a resposta de
luta/fuga é truncada. Um estado continuo de estimulação simpática conduz aos
sintomas baseados na ativação e a sintomas de memória que se apresentam no
trauma e no TSPT. Ele atribui a tendência para traumatização nas espécies
humanas à influência inibitória de centros neo-corticais selecionados, que
bloqueiam a capacidade instintiva que outras espécies animais possuem, de
“descarregar” esta energia contida. Notando que quando os animais emergem da
imobilidade freqüentemente manifestam respostas motoras repetitivas, quase como
um ataque convulsivo, ele postulou que estas respostas motoras estereotipadas
podem permitir a conclusão bem sucedida das seqüências motoras de fuga ou
defesa, promovendo assim uma descarga enérgica.
No
modelo animal, então, a dissociação parece ter muitas semelhanças com o
comportamento de animais nos quais o congelamento foi eliciado, numa situação de
desamparo, e a subseqüente recuperação espontânea da imobilidade foi impedida.
Além disso, a dissociação também pode ser associada com uma tonicidade
predominantemente parassimpática, uma capacidade cognitiva e de aprendizagem
prejudicada e uma tendência para a perpetuação do condicionamento.
TRAUMA E DISSOCIAÇÃO: O MODELO “EFEITO CHICOTE” (WHIPLASH)
Previamente apresentamos a hipótese que a Síndrome do “Efeito chicote” (Whiplash
Syndrome) constitui um modelo de traumatização em lugar de um dano físico, e que
muitos de seus sintomas e manifestações clínicas são, na realidade, respostas
universais frente a uma ameaça de vida num estado de desamparo (Scaer, 1997,
1999, 2001). Esta hipótese surgiu baseada na ocorrência de dissociação na hora
de acidentes de automóvel (MVA. motor vehicle accident) com sintomas de
entorpecimento e de um estado alterado de consciência freqüentemente atribuídos
à concussão pela batida. Podemos compreender os sintomas clínicos subseqüentes
nos baseando em teorias de como acontece à ativação cíclica límbica (kindling)
no desenvolvimento do ciclo de ativação da memória no TSPT (Goddard, et al,
1969, Post, Weiss & Smith, 1995, Miller, 1997).
Em
experimentos com ratos, “kindling” é o nome dado ao fenômeno do desenvolvimento
progressivo de circuitos neurais auto-perpetuados, produzidos por uma
estimulação cerebral elétrica regional, com tempo e freqüência repetitivos
(Goddard, et al, 1969). A expressão comportamental da “ativação cíclica”
(kindling) pode incluir convulsões epilépticas, mas também é considerado mais
amplamente como um modelo para várias síndromes clínicas, inclusive TSPT.
Os
caminhos neurais envolvidos no processo de aquisição desta resposta fisiológica
de “ativação cíclica” diante da ameaça, provavelmente englobam uma série de
eventos envolvendo primariamente o locus coeruleus, a amígdala, o tálamo,
hipocampo e o córtex órbito-frontal direito (van der Kolk, 1994). Estímulos
excitatorios partindo de uma variedade de órgãos sensórios, especialmente da
cabeça e do pescoço, são transmitidos ao tálamo e locus coeruleus O locus
coeruleus então se comunica com o tálamo e a amígdala, que avalia esta
informação pelo seu conteúdo emocional. A amígdala transmite esta informação ao
hipocampo, centro da memória declarativa, que estabelece um contexto cognitivo
para a informação. Estes dados são depois transmitidos para o córtex
órbito-frontal direito (COF), que organiza a resposta cortical e autonômica
apropriada, baseado nas implicações da informação sensória para a sobrevivência.
O COF funciona como um mestre regulador para a organização da resposta do
cérebro diante da ameaça. O desenvolvimento inadequado do COF, decorrente de uma
experiência maladaptativa infantil ou de lesões cerebrais, pode resultar numa
modulação defeituosa desta resposta à ativação (Schore, 1994).
Um
controle regulador adicional é fornecido pelo córtex cingulado anterior, um
centro que, enviando um sinal inibitório à amígdala, pode prover uma função de
controle e inibir o condicionamento de medo (Morgan, et al, 1995). Por meio de
uma intensa descarga adrenérgica deflagrada quando há um forte estímulo
ativador, o locus coeruleus inibe o córtex cingulado anterior e o COF, inibindo
assim a função de controle e modulação destes dois centros. Isto por sua vez
permitiria a exposição da amígdala a sinais intensos de ativação interna e
externa, promovendo a “ativação cíclica” (kindling) de caminhos que produzem a
síndrome clínica de TSPT (Hamner, 1999).
A
dissociação na hora do trauma é o sinal primário do desenvolvimento posterior de
TSPT (van der Kolk & van der Hart, 1989). Indivíduos que ativamente dissociam na
hora de um evento traumático são muito mais propensos a desenvolver sintomas
subseqüentes de TSPT do que aqueles que não dissociam (Bremner, et al,1992,
Holen, 1993, Cardena & Spiegel, 1993). As crianças são especialmente propensas a
dissociar na hora de uma experiência traumática, por isso pessoas com uma
história de traumas passados, especialmente abusos na infância, são mais
suscetíveis a ativação, congelamento e re-traumatização depois de expostas até
mesmo a ativações não especificamente traumáticas (Kolb, 1987).
Na
hipótese de “efeito chicote” (whiplash), a recuperação espontânea da
dissociação, ou congelamento / imobilidade no momento de impacto traumático
freqüentemente não acontece, baseado na premissa que envolvimento em
um MVA é por sua
própria natureza, um modelo de desamparo. A possibilidade de ocorrer dissociação
será muito maior se houver uma história anterior de trauma e dissociação. Este
estado alterado da memória, da percepção e da função autônoma, pode
potencializar a ativação cíclica (kindling) entre os centros da memória e da
ativação (amígdala, hipocampo, locus coeruleus) que descrevemos acima. O
“looping” de ativação cíclica resultante, auto-gerado e auto-mantido, servirá
então como substrato para o desenvolvimento do TSPT clínico.
Os
caminhos neurais envolvidos no processo de aquisição desta resposta fisiológica
de “ativação cíclica” diante da ameaça, provavelmente englobam uma série de
eventos envolvendo primariamente o locus coeruleus, a amígdala, o tálamo,
hipocampo e o córtex órbito-frontal direito (van der Kolk, 1994). Estímulos
excitatorios partindo de uma variedade de órgãos sensórios, especialmente da
cabeça e do pescoço, são transmitidos ao tálamo e locus coeruleus O locus
coeruleus então se comunica com o tálamo e a amígdala, que avalia esta
informação pelo seu conteúdo emocional. A amígdala transmite esta informação ao
hipocampo, centro da memória declarativa, que estabelece um contexto cognitivo
para a informação. Estes dados são depois transmitidos para o córtex
órbito-frontal direito (COF), que organiza a resposta cortical e autonômica
apropriada, baseado nas implicações da informação sensória para a sobrevivência.
O COF funciona como um mestre regulador para a organização da resposta do
cérebro diante da ameaça. O desenvolvimento inadequado do COF, decorrente de uma
experiência maladaptativa infantil ou de lesões cerebrais, pode resultar numa
modulação defeituosa desta resposta à ativação (Schore, 1994).
Um
controle regulador adicional é fornecido pelo córtex cingulado anterior, um
centro que, enviando um sinal inibitório à amígdala, pode prover uma função de
controle e inibir o condicionamento de medo (Morgan, et al, 1995). Por meio de
uma intensa descarga adrenérgica deflagrada quando há um forte estímulo
ativador, o locus coeruleus inibe o córtex cingulado anterior e o COF, inibindo
assim a função de controle e modulação destes dois centros. Isto por sua vez
permitiria a exposição da amígdala a sinais intensos de ativação interna e
externa, promovendo a “ativação cíclica” (kindling) de caminhos que produzem a
síndrome clínica de TSPT (Hamner, 1999).
A
dissociação na hora do trauma é o sinal primário do desenvolvimento posterior de
TSPT (van der Kolk & van der Hart, 1989). Indivíduos que ativamente dissociam na
hora de um evento traumático são muito mais propensos a desenvolver sintomas
subseqüentes de TSPT do que aqueles que não dissociam (Bremner, et al,1992,
Holen, 1993, Cardena & Spiegel, 1993). As crianças são especialmente propensas a
dissociar na hora de uma experiência traumática, por isso pessoas com uma
história de traumas passados, especialmente abusos na infância, são mais
suscetíveis a ativação, congelamento e re-traumatização depois de expostas até
mesmo a ativações não especificamente traumáticas (Kolb, 1987).
Na
hipótese de “efeito chicote” (whiplash), a recuperação espontânea da
dissociação, ou congelamento / imobilidade no momento de impacto traumático
freqüentemente não acontece, baseado na premissa que envolvimento em
um MVA é por sua
própria natureza, um modelo de desamparo. A possibilidade de ocorrer dissociação
será muito maior se houver uma história anterior de trauma e dissociação. Este
estado alterado da memória, da percepção e da função autônoma, pode
potencializar a ativação cíclica (kindling) entre os centros da memória e da
ativação (amígdala, hipocampo, locus coeruleus) que descrevemos acima. O
“looping” de ativação cíclica resultante, auto-gerado e auto-mantido, servirá
então como substrato para o desenvolvimento do TSPT clínico.
De um
ponto de vista somático, a memória de procedimento ou condicionada por estímulos
sensoriais e as respostas motoras aos eventos físicos associados com o acidente,
também serão incorporados nessa resposta de ativação cíclica do trauma. Num
evento de grande ativação e ameaça, pode ser necessária apenas uma experiência
para que a resposta condicionada se estabeleça. Assim experiências vestibulares,
oculares e sensório-motoras do acidente serão impressas na memória de
procedimento através do condicionamento traumático operante. Então estas
percepções serão subseqüentemente eliciadas de forma exata por lembranças,
flash-backs, pesadelos, assim como também por sinais internos e externos
reminescentes do MVA. Todos os elementos da síndrome de pós-concussão -
vertigem, obscurecimento da visão, zumbido, dor de cabeça, dor miofascial -
passam a ser sintomas precipitados por sinais e estímulos baseados em memórias,
e eventualmente por uma gama cada vez mais ampla de eventos não específicos
baseados na ativação. A dor miofascial provavelmente representa uma memória de
procedimento do reflexo motor defensivo específico e do correspondente padrão
proprioceptivo, que foram precipitados pelo movimento do corpo no MVA, e depois
passam a ser eliciados pelo estresse ou por qualquer padrão de movimento
reminescente do acidente, na forma de tensão e espasmo muscular. Disfunções
cognitivas podem aparecer e piorar, tal como já foi bem documentado quanto aos
déficits de atenção e memória na Dissociação e TSPT (Gill, et al, 1990,
Alexander, 1992, Miller, 1992, Bremner, et al, 1993, Grigsby, et al, 1995).
Nenhum destes sintomas, de ordens diversas, requerem que ocorra lesão no tecido
para vir a acontecer.
Esta
hipótese depende da ocorrência de dissociação, contribuindo com uma resposta não
resolvida de congelamento, como resultado de uma ameaça de vida em condições de
desamparo. A ativação cíclica (kindling) resultante, incorporaria então não
apenas os centros de memória e ativação acima mencionados, como também os
centros que provêem a informação sensória do MVA (visual, audítiva, vestibular,
e receptores sensórios proprioceptivos), e os centros motores que organizaram a
resposta defensiva (cerebelo, tronco encefálico, ganglio basal, córtex motor). A
ativação cíclica (kindling) e a dissociação explicariam a preocupante tendência
dos sintomas da “Síndrome do chicote” (whiplash) a serem resistentes à maioria
das formas de terapia física, a persistirem indefinidamente em muitos casos e a
piorar dramaticamente em situações de vida estressantes. A proposta também
incorpora os sintomas somáticos às teorias básicas de TSPT e dissociação,
levando a uma definição somática da dissociação, que é o tema central deste
artigo.
O
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO NA DISSOCIAÇÃO
Pacientes com TSPT crônico passam ciclicamente por níveis exagerados de ativação
e evitação, pânico e entorpecimento, terror e confusão. O panorama de sintomas
autonômicos inclui palidez e enrubecimento, náusea, câimbras abdominais e
diarréia, taquicardia e tonturas, suores e arrepios. Os critérios do DSM IV para
TSPT (ativação, re-experiencia, evitação) reflete um ciclo dramático de humor
que vai do pânico, hipervigilância e irritabilidade, para o entorpecimento, o
recolhimento e a frieza afetiva. Sinais fisiológicos do TSPT no DSM IV incluem
taxas de pulsação, respostas electromiográficas e electrodérmicas, todas elas
indicativas de simpaticotonia. O papel do aumento cíclico do tono ou da função
parassimpática no trauma, entretanto, foi largamente negligenciado. O TSPT é na
realidade uma síndrome bipolar, que reflete uma instabilidade autonômica cíclica
notável, com padrões de elevada ativação simpática que alternam às vezes com uma
clara e dramática dominância parassimpática. Foram estudados fenômenos
oscilatórios em uma variedade de sistemas biológicos e foram documentados em
várias publicações. Muitos subsistemas fisiológicos (endócrino, autônomo,
neuro-humoral) operam de forma bimodal baseados numa variedade de influências
fisiológicas rítmicas, sejam estas ambientais ou internas. Antelman et al (1997)
propuseram que a exposição de tais sistemas a estressores químicos ou
comportamentais de intensidade suficiente pode induzir padrões cíclicos de
aumento e diminuição, em resposta a cada exposição subseqüente (Antelman, et al,
1996, Antelman & Caggiula, 1996). Este fenômeno parece ser aplicável a uma tal
variedade de sistemas fisiológicos que os autores concluíram que a oscilação em
resposta a estímulos químicos ou comportamentais pode representar um princípio
geral de funcionamento biológico (Antelman, et al, 1997). Pode se tratar de um
reflexo biológico inato projetado para restabelecer a homeostase, a flutuação
rítmica e equilibrada dos sistemas biológicos, seja o endócrino,
neurofisiológico, metabólico ou imunológico (Antelman et al, 1997).
No
TSPT, pela dissociação peritraumática não resolvida, estímulos internos e
externos impactam os circuitos neurais centrais que intermedeiam a memória e a
ativação, assim contribuindo com a ativação cíclica (kindling), e conduzindo a
estressores internos dos subsistemas neurais associados, especialmente o sistema
nervoso autônomo. Por este modelo, o resultado será uma deficiência orgânica
autonômica cíclica, assim como a aparição dos muitos e dramáticos sintomas
autonômicos divergentes que vemos nas vítima de trauma. Assim, períodos de
ativação simpática incluirão sintomas de contração muscular, bruxismo,
divergência ocular, taquicardia, suores, palidez, tremor, sobressalto,
hipervigilância, pânico, raiva e constipação. Estes estados alternarão com
dominância parassimpática, incluindo sintomas de palpitações, náusea, vertigem,
indigestão, câimbras abdominais, diarréia e incontinência. Embora muitos destes
sintomas sejam atribuídos freqüentemente a transtornos de somatização, eles na
realidade representam o extremo da disfunção autonômica cíclica que encontramos
no trauma, são inerentemente auto-perpetuados e contribuem a continuação da
oscilação da autonômica anormal. Assim, a síndrome do trauma literalmente toma
controle do corpo.
Como a
“ativação cíclica” no TSPT continua e se torna crônica, a evitação e retração
ficam cada vez mais proeminentes, freqüentemente com uma diminuição dos sintomas
de ativação, hipervigilância e fobia. Neste ponto, os critérios baseados no DSM
IV de TSPT não mais justificam o diagnóstico, e os pacientes recebem normalmente
o diagnóstico de Transtorno de somatização, Transtorno dissociativo, conversão
ou depressão. Com o tempo, o papel do trauma na síndrome do paciente pode ser
ignorado. Embora a oscilação autonômica ainda é visível, fica claro que o
complexo de sintomas prevalentes reflete um estado de dominância parassimpática.
Medidas
endocrinológicas agora tendem a mostrar um estado de baixo cortisol (Mason, et
al, 1986, Yehuda et al, 1990), congruente com a evolução do tônus
parassimpático. Esta tendência é associada a respostas comportamentais que
incluem isolamento social e retração, abuso de substâncias, afeto retraído,
negação, disfunções cognitivas e dissociação, todos estados relativamente
parassimpáticos.
Outra
forma de compreender este processo pode ser tirada do papel filogenético do
sistema nervoso parassimpático, especificamente do sistema vagal, como
apresentado na Polyvagal Theory of Emotion by Porges (1995). Porges enfatiza a
estrutura filogenética de formação de camadas de respostas à ativação em
mamíferos, baseadas nas funções variadas dos núcleos vagais. O complexo dorso
vagal (CDV), composto do núcleo dorsal motor do vago e núcleo do trato
solitário, é um vestígio evolutivo e um centro primitivo, principalmente útil em
répteis, para a conservação de energia. No sistema de baixa demanda de oxigênio
no réptil, o CDV fecha o sistema de uso da energia induzindo marcada bradicardia
e apnéia, como no reflexo reptiliano de mergulho. O complexo ventral vagal (CVV)
dos mamíferos é uma adaptação recente para atender a alta necessidade de
oxigênio desta classe de animais, regulando finamente utilização de energia
pelas influências sutis e flexíveis do batimento cardíaco. A resposta inicial de
alerta tal como é vista em animais, consiste em levantar a cabeça do pasto, se
orientar com a cabeça em direção à fonte do novo estímulo potencialmente
ameaçador, alargando a fissura das pálpebras e farejando os cheiros. Este
reflexo conservador de energia é mediado pelo CVV, e emprega o locus coeruleus,
que tem conexões ricas com os órgãos sensoriais da cabeça, como também os
músculos da cabeça e do pescoço. Se por este reflexo for obtida informação
ameaçadora suficiente, a resposta de CVV será inibida e o animal progredirá para
os mecanismos neuromusculares e cardiovasculares da resposta de luta/fuga,
baseados na epinefrina. Se o impedimento da ameaça via defesa (luta) ou fuga
falhar, o animal entra num estado de desamparo, associado com um aumento
considerável do tônus CDV, iniciando a resposta de congelamento/imobilidade.
Este estado de profundo tônus parassimpático é associado com uma marcada
bradicardia, apnéia, relaxamento dos esfíncteres e ativação gastrointestinal.
Um
estado persistente de ativação de CDV é comum nos répteis, mas é de fato
perigoso para os mamíferos devido a sua associação com marcada bradicardia e
arritmias que causam risco de vida. A morte espontânea de animais selvagens em
laboratório durante estados induzidos de imobilidade atesta para este perigo,
como também o faz a alta taxa de mortalidade de mamíferos selvagens que vivem no
ambiente de jardim zoológico (Seligman, 1987). Nos seres humanos, este estado de
imobilidade e “animação suspensa” talvez tenha sua expressão mais extrema no
fenômeno de morte Vodu, como descrito por Cannon (1942). O estudo de morte na
resposta de congelamento/imobilidade em animais revela que a morte acontece por
parada cardíaca durante a diástole, ou relaxamento do coração, num estado de
completa flacidez cardíaca e inundação com sangue (Richter, 1957, Hofer,1970).
Por
tanto, os extremos de tono parassimpático vagal, tal como se manifestam no
estado de ativação CDV, contribuem muito na geração de emoções severas,
especialmente as de terror e desamparo. Embora os estados de congelamento e
imobilidade em mamíferos possam ser úteis a curto prazo para a sobrevivência, a
sua prolongação ou ativação repetida têm implicações sérias para saúde e
sobrevivência a longo prazo. O modelo de doença aqui apresentado, sugere que a
descida gradual em direção a dissociação e ao domínio parassimpático no TSPT
crônico constitui esse estado de perigo.
Como
foi sugerido anteriormente, a dissociação pode ser acompanhada de cisão ou
percepções alteradas não apenas do self e da realidade, mas também das partes ou
regiões do corpo. Nessa circunstância, a disfunção clínica experimentada pelo
indivíduo dissociado quase sempre se apresentará como déficit físico que desafia
as explicações fisiológicas dadas por exames clínicos, testes laboratoriais ou
estudos de imagem. Os diagnósticos dados por médicos nestes estados incluem
histeria, conversão e desordens psicossomáticas. Assume-se correntemente que a
causa para estes estados é psicológica, sendo o estresse o fator comum. Quase
todos déficits são de natureza neurológica, podendo afetar qualquer sistema,
incluindo o visual, auditivo, vestibular, fonador, de equilíbrio, e a função
sensorial e motora. Convulsões e desmaios são expressões comuns deste estado.
Os
sintomas associados com conversão podem aparecer exagerados, e os resultados não
estão em conformidade com os objetivamente vistos em casos de lesões ou doenças
do sistema nervoso. Assim, a perda sensória normalmente se apresenta numa
distribuição de “meia / luva”, esparsa, em lugar da perda de dermátomos em
camadas comumente vista em lesões espinhais. A fraqueza é difusa e
inconsistente, com uma qualidade de desistência.
Freqüentemente os sintomas são unilaterais e podem flutuar com o tempo, com
tendência a aumentar em ambientes estressantes.
Sintomas de conversão ocorrem mais comumente em países e culturas menos
desenvolvidos em termos socioeconômicos e em mulheres (Associação Psiquiátrica
americana, 1994). De paciente para paciente e de cultura para cultura, as
aparentemente variadas síndromes de conversão têm um tema notavelmente constante
que exige consideração, um mecanismo neurofisiológico comum e ainda indefinido.
A
literatura médica não endereça esta tentativa de cruzamento entre fatores
psicológicos e fisiológicos na conversão e doenças relacionadas. Os conceitos
apresentados neste modelo estão baseado na avaliação de milhares de pacientes
que experimentaram trauma físico em acidentes com automóvel e outros tipos de
acidentes, e que, num grau variado, manifestaram também sintomas de terem sido
traumatizados. Muitos destes pacientes se apresentaram com sintomas e sinais de
conversão e, com a observação minuciosa do seu estado físico e sintomas
comportamentais, várias conclusões parecem ser inevitáveis.
Pacientes com conversão nessas condições raramente apresentam “la belle
indifference”, mas exibem sintomas iniciais de ativação e angústia consistente
com TSPT. Esses sintomas são marcadamente comuns de paciente para paciente.
Dificuldades com a locução e com as mecânicas da fala são comuns, com bloqueio
da palavra, gagueira e padrões de fala desarticulados e incomuns. Uma perda
sensória unilateral ou da extremidade superior é quase universal, associada com
severos problemas de destreza no mesmo lado. Esta perda sensória invariavelmente
é “não fisiológica”, freqüentemente em distribuição de luva ou meia. O
equilíbrio é prejudicado com padrões variáveis de vacilação e cambaleio ao
andar, consistente com a disfunção nos centros de equilíbrio no tronco
encefálico. Observando cuidadosamente, nota-se que muitos desses pacientes
experienciam uma sensação física de ativação quando o examinador lhes apresenta
um estímulo visual vindo de uma parte da sala, no mesmo lado dos seus sintomas
não-fisiológicos predominantes. Este padrão de ativação é geralmente
experienciado como náusea ou vertigem, e pode ser associado com enrubecimento,
sugerindo a influência da ativação CVV como parte da resposta inicial à ameaça.
O
conceito de limite perceptual periférico, em termos psicológicos, se relaciona
primariamente a áreas sutis do nosso senso de self que percebemos no
relacionamento com os outros, as regiões apropriadas de limite na interação
pessoal e social. No modelo de dissociação somática aqui apresentado, este
conceito de limites se relaciona a um todo perceptivo concretamente físico, uma
continuidade do si mesmo que representa os limites inconscientemente percebidos
que definem a área de extensão segura da nossa expressão física.
A área
que inclui este espaço é diretamente proporcional à experiência de ameaças de
vida previamente não resolvidas, e a continuidade dos limites de percepção que
cercam este espaço depende da experiência perceptiva de ameaça severa dentro de
um setor específico desse limite. Ao testar os limites de um paciente
traumatizado, os resultados revelam que a área da percepção de uma pessoa onde
ela experimentara primeiramente o sinal de uma ameaça iminente (por ex. - o
automóvel se aproximando) será depois uma área onde o acesso de qualquer
estímulo é intrinsecamente ameaçador. Como resultado, passar uma mão em volta da
periferia do campo visual daquela pessoa a uma distância de 1
metro aproximadamente,
produzirá freqüentemente uma resposta de ativação na região perceptiva da ameaça
anterior. Tais pacientes desenvolveram um reflexo de ativação condicionado
dentro das suas áreas perceptivas, dos seus limites. De maneira previsível,
experiências perceptivas e sensório subliminais persistentes no ambiente dentro
daquela região, sejam de natureza visual, tátil ou proprioceptivas, resultarão
numa ativação condicionada e perpetuarão o reflexo de ativação cíclica
(kindling). Da mesma maneira que a vítima crônica de TSPT congelará ou
dissociará em face a uma ameaça familiar, a parte ou região do corpo que
representa a memória de procedimento somática ou proprioceptiva que corresponde
à experiência de ameaça será seletivamente dissociada, dando lugar aos sinais
não fisiológicos de conversão. Não deve ser nenhuma surpresa, então, que muitos
pacientes com sinais localizados de conversão experimentem sintomas de
desconforto e ativação diante da apresentação de estímulos aparentemente
benignos, nessas regiões da sua percepção de limite que agora possuem a marca
perceptiva sensória da ameaça.
Além
disso, com a observação cuidadosa adicional de tais pacientes, podem-se detectar
mudanças físicas incomuns nas porções dissociadas do corpo deles. Minha
consciência destes fenômenos físicos começou quando uma paciente que apresentava
hemi-anestesia “histérica” no lado direito do corpo, com fraqueza e
desajeitamento, relatou que seu cabeleireiro tinha notado que os cabelos dela
cresciam mais lentamente e tinham uma textura diferente do lado direito.
Observação cuidadosa revelou que além disso, o cabelo dela estava mais escasso
no lado direito da sua cabeça. Examinando o braço e a mão direita da paciente se
observou que as unhas eram quebradiças e disformes, a mão era mais fria que a
esquerda, e o crescimento de cabelo nos dedos era menor. Com a observação
subseqüente de outros pacientes semelhantes se documentaram sinais distróficas
na pele, cabelo e unhas, nas partes do corpo que manifestavam sinais de
conversão. Finalmente, vários destes pacientes desenvolveram sinais claros de
dor simpaticotonicamente mantida, ou reflexo de distrofia simpático (RDS).
REFLEXO DE DISTROFIA SIMPÁTICA (RDS)
A dor
mantida por simpaticotonia, a síndrome complexa regional de dor e o RDS, incluem
síndromes de dor que são bastante comuns e bem reconhecidas, mas ao mesmo tempo
controversas e pobremente entendidas e que são, por definição, associadas com
sintomas e sinais vasomotores autonômicos nas partes afetadas do corpo. As
extremidades, especialmente as porções distais, são predominantemente afetadas.
Descrita por S. Wier Mitchel na Guerra Civil, a síndrome é talvez mais comum em
feridas traumáticas nas extremidades, mas também pode acontecer após danos
aparentemente triviais tais como contusões secundárias ou danos por excesso de
uso (Mitchell, et al, 1864, Schwartzman & McLellan, 1987). A síndrome é
caracterizada por uma dor severa, freqüentemente por uma queimação na área
afetada, associada com sinais de variável disfunção vaso motora, tanto
parassimpática quanto simpática. Estes sinais podem incluir crescimento ou perda
anormal de cabelo, eritema e calor, ou palidez e frio. Com o fracasso do
tratamento e a progressão da síndrome, predominam sinais de vaso constrição e
distrofia, daí o uso do termo “simpático”. A atribuição da síndrome ao tônus
autónomo simpático anormal é apoiada, pelo menos em parte, pelo fato que a
injeção no gânglio relacionado do sistema nervoso simpático pode prover alívio
variável da dor. Muitos investigadores consideram que o sistema nervoso central
pode estar envolvido. Posturas distónicas dos membros afetados são comuns.
Estudos eletromiográficos e de condução de nervosa de RDS revelam que o caráter
dessa distonia é mais típico da contenção voluntária da postura do que as
distonias comparáveis em pacientes com lesões cerebrais (Koelman, al de et,
1999). Os autores chegam ao ponto de dizer “Na causalgia-distonia, o controle
motor central pode ser alterado por um trauma de um modo tal que o membro
afetado é dissociado dos mecanismos regulatórios normais” (pág. 2198).
O
modelo aqui apresentado propõe que a dissociação somática regional expõe a
região ou membro dissociado do corpo a uma vulnerabilidade seletiva, aos efeitos
da disfunção orgânica autonômica cíclica e oscilatória existente, associados com
as mudanças neurofisiológicas do trauma não resolvido. Neste estado, aquela
região ou parte pode ser então vulnerável a uma oscilação vaso motora, com vaso
constrição e redução funcional do fluxo sangüíneo criando finalmente a patologia
isquêmica de tecido característica do RDS. Esta síndrome, freqüentemente abrange
um espectro contínuo de expressões clínicas, dos sinais sutis vistos na maioria
dos pacientes, até a dor intensa, mudanças distróficas e distonias do RDS.
Dissociação, por este modelo, é uma síndrome neurofisiológica originada no
sistema nervoso central. É iniciada por uma tentativa falha de defesa / fuga num
momento de ameaça à vida, e perpetuada se recuperação espontânea da resposta de
congelamento resultante for bloqueada ou truncada. A falta de recuperação desta
resposta de congelamento resulta na associação condicionada de toda a informação
sensório-motora assimilada na memória de procedimento durante o evento
traumático, que será ressuscitada posteriormente em momentos percebidos como
ameaçadores, como um reflexo condicionado de sobrevivência primitivo. Esta
aquisição de memória de procedimento é inicialmente eliciada através de
sinais-estímulos específicos, internos e externos, mas, por causa da ameaça em
si mesma não ter sido resolvida, os sinais internos persistem sem a inibição das
mensagens externas de segurança e a ativação cíclica é estimulada nos centros
corticais, límbico e no tronco cerebral, tal como foi previamente discutido. Uma
recorrente dissociação em resposta a ativação acompanha este ciclo e facilita o
desenvolvimento de uma oscilação autonômica patológica. A inibição fisiológica
da percepção dessas partes ou regiões do corpo - para as quais o cérebro mantém
uma memória de procedimento da sua contribuição sensória na hora da ameaça -
resulta na síndrome de conversão e dissociação somática regional. Divorciadas
dos benefícios tróficos[1] normais da percepção cerebral, estas
regiões ficam sujeitas aos extremos de instabilidade vasomotora do trauma
avançado, e desenvolvem síndromes de vasoconstrição patológica e isquemia,
conduzindo a RDS.
[1] *’nutrição’; ‘que
alimenta’: trófico, trofoneurose.
*
trofoneurose :alteração trófica de um tecido por influência do sistema nervoso.
Selye
(1936) é geralmente creditado pelo conceito de que uma exposição excessiva ou
prolongada a estresse poderia contribuir com o desenvolvimento de um grupo de
doenças específicas. Estas doenças refletem predominantemente uma exposição a
níveis elevados de hormônios adreno-corticais, como parte do papel modulador do
cortisol no eixo hipotalámico / pituitário / adrenal (HPA) no estresse.
Assim,
ratos expostos a estresse prolongado e excessivo desenvolveram erosão da mucosa
gástrica, ateroscleroses e atrofia adrenal cortical. Outros efeitos patológicos
específicos da exposição excessiva de cortisol incluem supressão da imunidade,
lipídios elevados e ateroscleroses, diabete osteoporose, hipertensão, úlcera
péptica, obesidade e disfunções cognitivas / emocionais. Muitos destes efeitos
estão atualmente bem descritos na literatura médica e leiga como “doenças de
estresse”.
A
relação dos efeitos do trauma a longo prazo (ao invés de estresse) com a doença
é bem menos documentada. Enquanto que o estresse contínuo é facilmente
identificado, a experiência passada de traumatização é mascarada pela evolução
da síndrome resultante em experiências, sintomas e comportamentos que no final
das contas são atribuídos a causas psicológicas e caracteriais, isso é, que se
originam em eventos internos em lugar de externos. Esta percepção é basicamente
correta no sentido de que os eventos internos no trauma são autodirigidos e
capazes de mudar a fisiologia somática na ausência de influências externas. Este
conceito também está de acordo com os efeitos fisiológicos da dissociação
somática que é dirigida por mecanismos internos do cérebro que se
auto-perpetuam. Assim, não se espera que as doenças de trauma reflitam as
síndromes de estresse exógeno agudo e até mesmo crônico, baseadas em
cortisol. Ao invés
disso podemos prever que as doenças de trauma irão refletir a disfunção da
regulação autônoma, tanto simpática quanto parassimpática, com a predominância
de síndromes vagais e parassimpáticas nos últimos estágios.
Este
modelo de doença no trauma poderia prever que sintomas e sinais vasomotores
seriam prováveis, com componentes tróficos e distróficos, o posterior refletindo
vasoconstrição e isquemia. É previsível disfunção cardíaca, pulmonar, intestinal
e glandular exócrina. São comuns as anormalidades de força, tônus e resistência
muscular. A diminuição do cortisol nos últimos estágios do trauma poderia
conduzir à relativa falta de inibição imune e, portanto, a síndromes de
hiper-imunidade. Podemos também esperar, em alguns casos, períodos notáveis de
exacerbação e remissão destas síndromes baseados na oscilação autonômica, e uma
sensibilidade específica à exacerbação por estresse externo. Em muitas destas
condições seria comum encontrar sintomas flutuantes de prejuízo cognitivo,
especialmente os relacionados à atenção e memória.
Esperar-se-ia uma associação incomum de sintomas emocionais nos estágios
avançados do trauma, incluindo desregulação afetiva, dissociação, somatização,
depressão, hiper-vigilância e negação / evitação. Uma história de trauma
psico-social em muitos casos pode refletir uma história substancial de trauma de
vida, especialmente na infância.
Entre
outras manifestações, estas doenças mostrariam pelo menos em parte evidência de
um tônus parassimpático anormal, talvez junto com fenômenos ulcerativos e
distrofias vasoconstritivas simpáticas. Doenças e síndromes do sistema de
gastrointestinal que entram neste conceito geral de doenças de trauma incluem
úlcera péptica e refluxo gastro-esofagiano, síndrome de intestino irritável, a
doença de Crohn (ileiti regional) e colite ulcerativa. Todas refletem
hipermotilidade dos órgãos, secreção glandular excessiva e, em alguns casos,
características ulcerativas. Síndromes cardíacas refletiriam provavelmente
anormalidades cardíacas associadas com dominância CDV, e seriam associadas com
uma variedade de taqui - e bradi-arritmias, incluindo aquelas vistas no prolapso
de válvula mitral.
Asma
bronquial, uma síndrome que se manifesta primariamente em casos de estresse e
eventos parassimpáticos anormais, induzidos por hiperimunidade em órgãos
específicos (bronco-espasmo e hiper-secreção) atendem a muitos dos critérios
previsíveis nas doenças de trauma.
Cistite
intersticial é uma condição caracterizada por dor, espasmo e ulceração da parede
de bexiga, e combina os elementos parassimpático- distróficos de muitas destas
síndromes.
Uma das
mais desconcertantes e controversas síndromes crônicas que pode cair nesta
categoria é a fadiga crônica / fibromialgia. Os sintomas incluem difusa e severa
dor musculo-esquelética, sono disfuncional e não restaurador com fadiga crônica,
rigidez, dores de cabeça, ansiedade, hipervigilância, prejuízo cognitivo,
sintomas oculares e vestibulares e parestesias. As síndromes associadas incluem
síndrome do intestino irritável, cistite intersticial, prolapso de válvula
mitral, e disfunção no esófago (Clauw, 1995). Foi documentada uma baixa dosagem
de cortisol e disfunção do eixo HPA semelhante a que acontece no TSPT avançado
(Crofford, 1996). A síndrome de fibromialgia afeta principalmente as mulheres e
existem evidências, controversas mas sugestivas, de uma incidência maior de
trauma sexual e físico de infância em pacientes com fibromialgia (Boisset, et
al, 1995). O surgimento de fibromialgía após uma experiência traumática foi bem
documentado (Waylonis & Perkins, 1994). Enquanto reconhecemos que mesmo fortes
evidências circunstanciais não constituem prova científica médica, a
fibromialgia e a síndrome de fadiga crónica parecem se apresentar como
protótipos para o modelo das doenças de disfunção autonômica vista no trauma
avançado.
A razão
para RDS ser considerada uma doença pos-traumática dissociativa autonômica foi
apresentada. A dor crônica nos casos onde não há uma patologia estrutural
documentada, muito provavelmente representa outra síndrome de trauma avançado. A
dor de membro de fantasma parece representar um protótipo para este modelo. Esta
síndrome acontece mais freqüentemente quando a amputação fica associada com uma
lesão traumática. Persistente representação de dor em um órgão ou parte ausente
do corpo sugere a existência de uma resposta condicionada de memória de
procedimento para aquela dor. O elemento crítico para que a memória seja
condicionada, é claro, é a ameaça não resolvida associada com a lesão que
produziu a dor. Temos que se lembrar que a dor severa pode ser traumatizante em
si mesma, e que o sistema médico no qual a dor foi tratada oferece muitas fontes
potenciais de estresse traumático (Scaer, 2001, Capítulo 9). Imprinting
condicionado de dor na memória de procedimento implica, sem dúvida, que aquele
trauma terá acontecido num estado de desamparo sem oportunidade para resolução
espontânea da resposta de congelamento. Nessas circunstâncias, a dor específica
continuará representando a ameaça e será retida, para posteriores propósitos de
sobrevivência, na memória de procedimento condicionada.
Um
estado subjacente de vulnerabilidade à traumatização também seria um substrato
previsível para o desenvolvimento de dor crônica em pessoas feridas. Vítimas de
abuso infantil ou de múltiples eventos traumáticos anteriores possuem claramente
esta vulnerabilidade, e seria previsível sua suscetibilidade à incorporar uma
nova experiência dolorosa na memória de procedimento, no modelo descrito acima.
A literatura de trauma documenta amplamente a alta incidência de muitos tipos de
dor crônica encontrada em vítimas de abuso infantil, relativa à população geral.
Os tipos de dor representados nestes estudos incluem dor pélvica, das costas,
abdominal, de cabeça, dor oro-facial e dores crônicas em
geral. Também é
documentada a incidência extremamente alta de abuso infantil em pacientes
encaminhados a centros para o tratamento de dor crônica (Rapkin, et al, 1990,
Wurtele, et al, 1990, Toomey, et al, 1993, Walling, et al, I, 1994,Walling, et
al, II, 1994).
Vários
estudos e modelos de doença propostos sugerem que o trauma pode contribuir em
parte com as doenças autoimunes. Como foi notado, os baixos niveis de cortisol
documentados nos casos de TSPT avançado poderiam ser relacionados com o aumento
das atividades imunes em vivo (Yehuda, et al, 1993). De fato, Watson et al
(1993) documentaram um aumento da reatividade de pele a antígenos no TSPT de
ex-combatentes (Watson, et al, 1993). Outros autores propuseram especificamente
que o estado de baixo cortisol nos casos de TSPT avançado poderia constituir o
substrato para um estado de hiperimmunidade (Friedman, & Schnurr, 1995, pág.
518). Mais recentemente, a taxa de fenótipos linfocíticos documentada em vítimas
de abuso sexual na infância com TSPT mostrou um padrão indicativo de ativação
linfocítica. Este achado apóia a probabilidade de haver uma atividade imune
aumentada nestes pacientes, sugerindo o potencial para um estado de
hiperimmunidade no TSPT avançado (Willson, et al, 1999).
Apoiado
numa revisão de literatura exaustiva, Rothschild e Masi apresentam um argumento
forte para uma hipótese vascular para artrite reumática (RA) incorporando como
característica cardeal a vasoconstrição e hipoxia de tecido, ambas as quais
foram bem documentadas em
RA. Hypoxiada parede arterial conduz a permeabilidade vascular
com a liberação de antígenos em tecidos circunvizinhos. A resposta imune
resultante representa portanto uma característica relativamente secundária de RA
(Rothschild, & Masi, 1982). Esta teoria, apoiada numa extensa quantidade de
estudos, está de acordo com o modelo previamente apresentado da disfunção
autonômica e vasomotora como modelo para processos de doença relacionados com
trauma. Tais descobertas de forma nenhuma fornecem uma ligação específica entre
o trauma anterior e as doenças autoimunes, mas sugerem um canal de investigação
adicional da possível relação entre o trauma e os processos autoimunes.
Talvez
um caminho mais urgente e necessário de investigação seja o relacionado com
estudos de morbidez e mortalidade no trauma. É sabido muito tempo que as vítimas
de trauma experimentam taxas aumentadas de morbidez e mortalidade (Friedman &
Schnurr, 1995). Muitos destes estudos focalizam nos problemas de saúde de
ex-prisioneiros de guerra (POW’s) (Beebe, 1975, Page, 1992). Doenças
cardiovasculares e gastro-intestinais predominam neste grupo as vítimas de
trauma anterior, embora seqüelas emocionais relacionadas com depressão e cirrose
do fígado associada a alcoolismo contribuam significativamente com a
mortalidade. Quando o diagnóstico de TSPT é acrescentado à equação, porém, os
efeitos do trauma na saúde aumentam substancialmente, com a predominância de
doenças cardiovasculares(Friedman & Schnurr, 1955, Wolff, et al, 1994).
Da
morbidez inicial intrínseca ao modelo de estresse de Selye, aos efeitos tardios
de desregulação autonômica e dominância vagal patológica, os efeitos potenciais
e reais do trauma na saúde são claros. Infelizmente, o trauma necessário para
colocar o indivíduo em risco pode ser tão sutil quanto experiências adversas na
infância. Felitti et al, (1998) acharam uma forte relação de grau entre a
amplitude de exposição a abuso ou disfuncionalidade familiar na infância e
múltiplos fatores de risco para várias das principais causas de morte em adultos
(Felitti, et al, 1998). As doenças de adulto endêmicas nos individuos que
experimentaram abuso na infância ou disfuncionalidade familiar incluíam doença
de isquémica cardíaca, câncer, doença pulmonar crônica, fraturas ósseas,
obesidade e doenças hepáticas. Adicionalmente, doenças atribuíveis ao risco por
exposição e comportamento incluindo doenças sexualmente transmitiram,
alcoolismo, abuso de droga, depressão e suicídio. Este estudo é particularmente
perturbador porque mostra que nestes casos de alta morbidez, os “traumas” de
infância eram freqüentemente tão indiretos quanto viver com membros da familia
mentalmente doentes ou viciados em
substâncias. A sensibilidade
e vulnerabilidade da criança em desenvolvimento para com a falta de cuidados e
de uma estrutura de limites segura, assim como os efeitos adversos desta perda
ao longo da vida na saúde emocional e física, ficaram assustadoramente claros.
Nós
apresentamos um modelo de função cerebral alterada, condição precipitada por um
evento traumático cujo conclusão ou resolução foi truncada ou abortada pela
falta de resolução espontânea da resposta de congelamento / imobilidade, um
fenômeno próximo ao estado psicológico clínico de dissociação. Além do
diagnóstico psiquiátrico arbitrário de TSPT, este estado é associado com uma
série complexa de eventos somáticos patlógicos caracterizados por uma
desregulação autonômica cíclica, e um estado evolutivo de dominância vagal que
envolve principalmente o núcleo vagal dorsal. A porção simpática deste complexo
fisiológico cíclico envolve primariamente vasoconstrição, com mudanças regionais
isquémicas e distróficas, especialmente em regiões do corpo que foram sujeitas a
dissociação devido à sua representação residual de mensagens sensórias de ameaça
armazenadas na memória de procedimento. O modelo experimental de ativação
cíclica (kindling) é intrínseco à auto-perpetuação deste processo patológico,
produzido por sinais internos derivados da memória de procedimento de uma ameaça
não resolvida, e reforçado pelos mecanismos endorfinérgicos inerentes na
resposta inicial à ameaça no congelamento e dissociação subseqüentes.
Neste
contexto, é postulado que uma variedade de doenças crônicas representam
expressões somáticas tardias de estresse traumático. Estas doenças têm
expressões notavelmente variadas mas com uma linha comum de instabilidade
autonômica cíclica, freqüentemente com características sutis isquémicas e de
vaso-constrição, e normalmente com dor. Elas freqüentemente são distintas das
doenças geralmente atribuidas a estresse - embora as doenças “relativas a
estresse” aconteçam com freqüência simultaneamente – e são também mais comuns na
população de adultos que experimentaram trauma.
Este
modelo rejeita o conceito de que termos tais como “somatização”, “conversão”,
“histérica”, “psicológico” ou “psicossomático” tenham qualquer significado
viável na definição de um complexo de sintomas ou de um estado de doença. Coloca
todos esses termos no contexto das patologias somáticas, manifestações de doença
associadas com descobertas clínicas sutis, mas definíveis e objetivas.
Ultrapassa o conceito de medicina de corpo / mente em direção ao conceito de um
“continuum” corpo / cérebro / mente.
Ao
tentar isolar processos de doença psicossomáticos numa categoria distinta,
estamos talvez ignorando a causa principal do grupo de doenças que os membros
das profissões de saúde provavelmente menos entendem e tratam com menor eficácia
- as doenças crônicas de causa desconhecida. Muitas destas doenças se devem a
deficiências na regulação, em lugar da invasão de micróbios, toxinas ou outros
agentes extrínsecos. Sendo assim, elas apresentam uma oportunidade única para os
médicos, investigadores e professores na área da psico-fisiologia aplicada e
biofeedback, que lidaram com os conceitos de auto-regulação e cura durante os
últimos 40 anos. Se aceitamos os conceitos apresentados acima de dor de
miofascial, disfunção visceral, dor crônica e doenças sistêmicas como
fibromialgia, fica evidente que os médicos de bio-feedback têm estado tratando
na maioria dos seus pacientes sintomas e condições causadas primariamente por
traumas do passado. Não surpreende que suas técnicas sejam freqüentemente mais
efetivas que as técnicas poli-farmacéuticas e muitas das técnicas medicas e
cirúrgicas. A aplicação de técnicas avançadas como a regulação cerebral por
neuro-feedback e a regulação autônoma pelo controle de variação do batimento
cardíaco (HRV) pode ter implicações profundas para a cura do trauma, provendo
meios únicos de acesso às respostas autonômicas condicionadas que controlam o
reflexo de trauma.
Finalmente, como clínicos, devemos olhar além do aparente comportamento
disfuncional de muitos destes pacientes, para a desregulação neurofisiológica e
autonómica que são a fonte dos sintomas e eventualmente da doença deles. A
ciência médica deve mudar o conceito de que um sintoma não mensurável através da
tecnologia atual é “psicológico”, e por tanto inválido. E os médicos devem
rejeitar as implicações pejorativas do termo somatização para deter a
traumatização adicional de seus pacientes pela rejeição implícita sutil.
Tradução: Irene Noemi Trajtenberg
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Distúrbio Dissociativo da Identidade(MSD)
O distúrbio dissociativo da identidade, antigamente denominado distúrbio de
personalidade múltipla, é uma condição na qual duas ou mais identidades ou
personalidades alternam-se no controle do comportamento de um indivíduo e na
qual ocorrem episódios de amnésia. O distúrbio dissociativo da identidade é uma
condição grave, crônica e potencialmente incapacitante ou fatal. A incapacidade
de algumas personalidades de lembrar de informações pessoais importantes
(amnésia) mescla-se à percepção simultânea da informação por parte das outras
personalidades existentes. Algumas personalidades parecem conhecer e interagir
entre si em um mundo interior elaborado. Por exemplo, a personalidade
A pode ter consciência da personalidade B e saber o que B faz, como se estivesse
observando o comportamento de B; a personalidade B pode ou não ter conhecimento
da personalidade A. Outras personalidades podem ou não ter conhecimento da
personalidade B e, a personalidade B pode ou não ter conhecimento das outras
personalidades. Os indivíduos com esse distúrbio freqüentemente tentam o
suicídio e acreditase que eles apresentam maior probabilidade de cometer o
suicído do que os indivíduos com qualquer outro tipo de distúrbio mental. O
distúrbio dissociativo da identidade parece ser bastante comum.
Ele pode ser observado em 3 a 4% dos indivíduos internados por outros problemas
psiquiátricos e em uma determinada minoria de pacientes internados em
instituições especializadas em dependências de drogas. O aumento do conhecimento
sobre esse distúrbio fez com que ele fosse diagnosticado mais freqüentemente nos
últimos anos. O conhecimento das conseqüências do abuso infantil e a melhoria
dos métodos diagnósticos também levaram a uma maior freqüência do diagnóstico do
distúrbio dissociativo da identidade. Embora alguns especialistas acreditem que
o aumento no número de relatos desse distúrbio reflita a influência de médicos
sobre pacientes sugestionáveis, não existem evidências que consubstanciem esse
ponto de vista.
Causas
O distúrbio dissociativo da identidade parece ser causado pela interação de
vários fatores: • Estresse avassalador, por exemplo, abuso emocional ou físico
sofrido durante a infância • Uma capacidade de separar as próprias memórias,
percepções ou identidades da percepção consciente (capacidade dissociativa) •
Consolidação de um desenvolvimento anormal antes do estabelecimento de uma visão
unificada do eu e dos outros. • Proteção e cuidados insuficientes durante a
infância O desenvolvimento humano exige que as crianças sejam capazes de
integrar tipos complicados e diferentes de informações e experiências. À medida
que as crianças aprendem a forjar uma identidade coesa e complexa, elas passam
por fases nas quais diferentes percepções e emoções são mantidas separadas. Elas
podem usar diferentes percepções para gerar eus diferentes, mas nem toda criança
que sofre abuso ou alguma perda ou trauma importante tem a capacidade de
desenvolver múltiplas personalidades. As que efetivamente a possuem também
apresentam mecanismos normais de enfrentamento e a maioria dessas crianças
vulneráveis recebe proteção, carinho e cuidados suficientes por parte dos
adultos e, dessa forma, não desenvolve um distúrbio dissociativo da identidade.
Sintomas
Os indivíduos com distúrbio dissociativo da identidade freqüentemente apresentam
uma gama de sintomas que podem ser semelhantes aos de outros distúrbios
psiquiátricos. Os sintomas podem ser similares aos dos distúrbios da ansiedade,
distúrbios da personalidade, da esquizofrenia, dos distúrbios do humor e dos
distúrbios convulsivos. A maioria dos indivíduos apresenta sintomas de
depressão, ansiedade (desconforto ao respirar, pulso rápido, palpitações),
fobias, crises de pânico, disfunção sexual, distúrbios alimentares, estresse
pós-traumático e sintomas que simulam os distúrbios de doenças orgânicas. Eles
podem demonstrar preocupação com o suicídio (os suicídios são comuns), assim
como episódios de automutilação. Muitos indivíduos com distúrbio dissociativo da
identidade fazem uso abusivo de drogas ou de bebidas alcoólicas em alguma
momento da vida.
A mudança de personalidade e a não consciência do próprio comportamento nas
outras personalidades freqüentemente fazem com que a vida do indivíduo se torne
caótica. Como as personalidades freqüentemente interagem umas com as outras, os
indivíduos informam ouvir conversas internas e as vozes de outras
personalidades. Trata-se de um tipo de alucinação. Vários aspectos são
característicos do distúrbio dissociativo da identidade: • Sintomas diferentes
que ocorrem em ocasiões diferentes • Uma capacidade flutuante de desempenho,
desde realizar bem as tarefas laborativas e domésticas até a incapacidade •
Cefaléias intensas ou outra dor física • Distorções do tempo, lapsos de tempo e
amnésia • Despersonalização e desrealização (sentimento de estar separado do eu
e sensação de que o meio ambiente é irreal) Os indivíduos com distúrbio
dissociativo da identidade freqüentemente são alertados sobre coisas que
fizeram, mas não conseguem se lembrar de tê-las realizado. Outras pessoas também
podem comentar sobre mudanças de comportamento de que eles não se lembram.
Eles podem descobrir objetos, produtos ou papéis escritos que não conseguem
explicar e nem reconhecer. Freqüentemente, referem-se a si próprios como “nós”,
“ele” ou “ela”. Embora a maioria dos indivíduos não consiga se lembrar muito dos
três a cinco primeiros anos de vida, aqueles com distúrbio dissociativo da
identidade freqüentemente também não conseguem lembrar muito os eventos
ocorridos entre os seis e onze anos de idade. Tipicamente, os indivíduos com
distúrbio dissociativo da identidade apresentam uma história de três ou mais
diagnósticos psiquiátricos prévios diferentes e de não resposta aos tratamentos.
Eles demonstram muita preocupação em relação às questões do controle, tanto do
autocontrole como do controle dos outros.
Diagnóstico
Para estabelecer o diagnóstico do distúrbio dissociativo da identidade, o médico
realiza uma entrevista médica e psiquiátrica completa, questionando em especial
sobre as experiências dissociativas. Entrevistas especiais foram desenvolvidas
para ajudar na identificação do distúrbio. Além disso, o médico pode entrevistar
o paciente durante longos períodos, solicitar que ele mantenha um diário entre
as consultas e usar a hipnose ou entrevistas facilitadas por medicação para ter
acesso às personalidades. Essas medidas aumentam a probabilidade do indivíduo
passar de uma personalidade à outra durante a avaliação. Gradativamente, o
médico traz à tona várias personalidades, pedindo que fale a parte da mente que
se encontrava envolvida em um determinado comportamento. Pode ser que o paciente
não se recorde desse comportamento ou que ele o tenha vivenciado mais como um
espectador do que como sujeito ativo (como se a experiência fosse um sonho ou
irreal).
Distúrbio Dissociativo da Identidade e Abuso Infantil: Uma Conexão
Quase todos (97 a 98%) os adultos
com distúrbio dissociativo da identidade relatam ter sofrido algum tipo de abuso
durante a infância. Isso pode ser documentado para 85% dos adultos e 95% das
crianças e adolescentes com distúrbio dissociativo da identidade. Embora o abuso
infantil seja uma causa importante do distúrbio dissociativo da identidade, isto
não significa que todos os abusos específicos alegados pelos pacientes realmente
ocorreram. Alguns aspectos de determinadas experiências relatadas são claramente
inexatos. Alguns pacientes não sofreram abuso, mas uma perda importante precoce,
como a morte de um dos genitores, uma doença grave ou alguma outra experiência
muito estressante.
|
Tratamento e Prognóstico
O distúrbio dissociativo da identidade requer a psicoterapia, que é geralmente
facilitada pela hipnose. Os sintomas podem surgir e desaparecer espontaneamente,
mas o distúrbio não desaparece por si. A medicação pode aliviar alguns sintomas
específicos, mas não afeta o distúrbio em si. Comumente, o tratamento é árduo e
emocionalmente doloroso. O indivíduo pode vivenciar muitas crises emocionais
decorrente de ações das personalidades e do desespero que podem ocorrer quando
memórias traumáticas são recordadas durante a terapia. Freqüentemente, são
necessários vários períodos de internação psiquiátrica para ajudá-lo a
atravessar os períodos difíceis e lidar com as memórias particularmente
dolorosas.
O médico freqüentemente utiliza a hipnose para trazer à tona (ter acesso) as
personalidades, facilitar a comunicação entre elas, estabilizá-las e
integrá-las. A hipnose também é utilizada para reduzir o impacto doloroso das
memórias traumáticas. Geralmente, são necessárias duas ou mais sessões de
psicoterapia por semana durante um período de três a seis anos. As sessões visam
integrar as personalidades em uma só ou uma interação harmoniosa entre as
personalidades que permita uma vida normal e sem sintomas. A integração das
personalidades é o ideal, mas nem sempre ela é possível para todos os indivíduos
com esse distúrbio. As visitas ao terapeuta são diminuídas gradualmente, mas é
raro que elas terminem.
De vez em quando, os pacientes podem consultar o terapeuta para auxiliá-los a
enfrentar problemas psicológicos, do mesmo modo que podem fazê-lo periodicamente
com seu próprio médico. O prognóstico dos indivíduos com distúrbio dissociativo
da identidade depende dos sintomas e das características do distúrbio. Alguns
apresentam sintomas predominantemente dissociativos e características
pós-traumáticas, isto é, além dos problemas de identidade e de memória, eles
sentem ansiedade em relação aos eventos traumáticos e ao alívio e recordação dos
mesmos. Normalmente, eles recuperam-se bem e levam uma vida normal. Outros
indivíduos apresentam outros problemas psiquiátricos graves (p.ex., distúrbios
da personalidade, do humor, da ingestão de alimentos e dependência de drogas).
Seus problemas melhoram mais lentamente e o tratamento pode ser menos eficaz,
mais prolongado e com mais crises. Finalmente, alguns indivíduos, além de
apresentarem problemas psicológicos graves, também permanecem profundamente
envolvidos com as pessoas acusadas de abuso. O tratamento é comumente longo e
caótico e visa reduzir e aliviar os sintomas e não obter a integração. Algumas
vezes, mesmo um paciente com um prognóstico ruim melhora o suficiente com a
terapia para sobrepujar o distúrbio e avança rapidamente para a recuperação.
Como cura ansiedade e despersonalização(Luce Faure)
Despersonalização é um termo para uma forma
em que pode manifestar-se um transtorno de
ansiedade. A associação americana de psiquiatria classifica despersonalização
como um transtorno dissociativo. Se você sofre de despersonalização, você tem
sentimentos que são de alguma forma irreal, separada do seu corpo, seu ambiente
e sua própria vida. Tratamento para a despersonalização sempre se concentra em
um transtorno de ansiedade subjacentes. De acordo com a ansiedade Disorders
Association of America, transtornos de ansiedade afetam pelo menos 40 milhões de
adultos nos Estados Unidos.
Dificuldade: Moderadamente desafiador
Instruções
-
Discuta seus sentimentos e todos os sintomas com seu médico de cuidados
primários. Enquanto transtornos de ansiedade são tratáveis, nenhum tratamento
pode ocorrer até que você informe o seu médico o que você está sentindo. Seu
médico vai examinar você para garantir que seus sintomas não são fisicamente
baseados. Ela irá pedir-lhe perguntas sobre a história da saúde mental da sua
família e, em seguida, fornecer-lhe uma referência para um mental profissional
de saúde se ela pensa que é necessário.
-
Iniciar terapia com um psiquiatra ou psicólogo. O tratamento do transtorno de
ansiedade vai depender da gravidade da doença, bem como os sintomas que estão
exibindo. O tratamento geralmente envolve uma combinação de medidas terapêuticas
(terapia cognitiva, terapia comportamental, técnicas de relaxamento e
medicação). Participa activamente na sua terapia para acelerar a cura.
-
Pratica as técnicas terapêuticas em uma base regular. Independentemente da forma
como o transtorno de ansiedade manifesta-se, você deverá mudar seu pensamento e
suas ações quando são confrontados com ansiedade-produzindo estímulos (por
exemplo, se você “Desencaixar” toda vez que você andar ao ar livre, você pode
ser solicitado para objetos de toque e concentrar-se neles para reforçar a sua
realidade e seu relacionamento com eles). Você sempre irá praticar estas
técnicas quando você sente que você está pronto para tentá-los e sem qualquer
coerção por parte do seu terapeuta. Em tempo, tornar-se condicionado a
sentimentos mais normais sobre si mesmo e seu lugar no mundo.
-
Agende exames periódicos acompanhamento com seu médico de cuidados primários
para garantir que qualquer medicação anti-ansiedade que você está tomando está
tendo o efeito desejado e não está a criar problemas físicos.
Dicas & advertências
Pergunte a seu médico de cuidados primários
para mais de uma opção de remessa. Selecione um terapeuta que você confia e com
quem você se sinta confortável.
Não desista. Transtornos de ansiedade são curáveis, mas progresso não pode ser
rápido ou linear, desde que o tratamento geralmente lida com comportamento
aprendido e respostas. Você tem que “desaprender” os comportamentos e, em
seguida, re-train-se para os mais normais com respostas normais.
Termos entrantes da busca:
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Autor: Luce Faure
A Maconha e a despersonalização(RONNIE FREEDMAN)
Por Ronnie Freedman, Ph.D.
É a mesma história várias vezes. Alguém fumado maconha com um grupo de
amigos e dentro de 24 horas, geralmente mais cedo, eles começam a sentir irreal,
despersonalizado, nebuloso e distante. Eles
estão convencidos de que a maconha tinha que ter sido misturado com algo que
criou essa sensação desconfortável e angustiante.Eles temem que algum tipo de
"dano" ocorreu dentro de seu cérebro.Quando em contato com as pessoas que
festejaram com, eles são surpreendidos ao saber todo mundo está se sentindo bem. Agora, eles tornam-se muito confusos,
preocupados e temerosos.
Isto não é um curso incomum de eventos. Eu ouço isso o tempo da história e,
novamente, em quase exatamente o mesmo detalhes. O indivíduo é positivo que eles tenham
causado danos a si mesmo que é o único a experimentar estes sintomas. Eles muitas vezes recorrem a "doctor
shopping" e tomando medicamentos que fazem pouco para resolver o problema. Frustração entra em cena como
sentimentos de despersonalização / desrealização, muitas vezes se intensificar.
Há uma explicação simples para essa
cadeia de eventos. Uma vez
compreendida, a recuperação não é difícil. É
necessário um processo simples e específico.
Vamos confiar na ciência básica e
fatos:
(1) Personalidade -
Alguns indivíduos são basicamente mais reativa do que outros. Estas são as pessoas que são
inteligentes, criativas, analíticas e geralmente mais reativo a estímulos
externos. Elas experimentam uma maior
reação a estímulos, onde os outros não podem. Eles podem reagir de maneira mais
forte a:
- Medicamentos
- Álcool
- Cafeína
- Nicotina
- excesso de açúcar
- Mudanças de temperatura
- Bright Light
- Falta de sono
- Drogas Recreativas
(2) O hábito de Temendo Preocupação -
A mente rapidamente envolve tudo o que está lidando, para criar um sentimento de
encerramento, se os fatos são verdadeiros ou não. Portanto, se um foi recentemente
fumava maconha e está se sentindo "estranho" ou "estranho" depois, a mente, pelo
processo de eliminação, deduz que alguns danos devem ter ocorrido. Cada momento livre é gasto em
auto-culpa e preocupação com medo de que danos permanentes ocorreu quando nada
poderia estar mais longe da verdade.
(3) Mente desgastada -
A mente torna-se rapidamente esgotado, devido ao ciclo contínuo de pensamentos
preocupados. A mente cansada é muito
menos resistente e, naturalmente, a mais este ciclo continua, o foggier a mente
se torna. A pessoa pode até perder o
apetite, desenvolver insônia e dificuldade de concentração ou socializar com
amigos e familiares. Eles podem até
tirar uma folga do trabalho, a fim de recuperar, quando isso é completamente
desnecessário.
Uma vez que eles entendem o que é isso,
o que não é eo que fazer, eles são o lar livre. É importante notar que não é um
doente, nem tenham alguma vez sido, razão pela qual a medicação não é
necessária. Em um indivíduo reativo,
a medicação muitas vezes pode agravar o problema. Este é apenas o produto de uma mente
cansada e nada mais. A marijuana pode
ter sido o gatilho, mas não é o único gatilho.
Gatilhos de despersonalização
- O estresse constante e persistente
- Certos medicamentos
- Álcool
- evento traumático, Choque
- Problemas não resolvidos
- raiva não resolvida
- Drogas Recreativas
Resolução de despersonalização Devido
ao uso de maconha
Resolução de esta sensação não é
difícil. Ele
é baseado em uma dupla abordagem:
(1) Retreinar o Brain- Aprender
a refrescar a mente cansada.Pensando de forma mais produtiva. Através de uma modificação
comportamental é capaz de domar uma mente que é hiperativa e improdutivo.
(2) Terapia Alimentar -
Aprender a usar os alimentos corretos, um
já tem em sua própria cozinha ,
para trabalhar para você e não contra você. Aumentar
os níveis de serotonina no cérebro naturalmente e manter os níveis de açúcar no
sangue em equilíbrio do corpo para criar uma mente muito menos reactivo e do
corpo. Os alimentos corretos irá
acelerar a recuperação quando usado em conjunto com as técnicas adequadas de
modificação comportamental.
Esta dupla
abordagem é tudo o que é necessário para superar
sentimentos de despersonalização, criados por uso de maconha, ou qualquer outro
gatilho. Não exige um processo longo
ou retirado de todo. Ele requer que
um processo específico a seguir, que conduz a um alívio rápido e recuperação
permanente.
Ronnie Freedman, Ph.D.
Ansiedade Busters, Inc.
Despersonalização Treatment.com
http://www.anxietybusters.com
http://www.depersonalizationtreatment.com
Escritório Telefone: 215-635-4700 Horário de atendimento: 10:00 - 22:00, EST Avaliação telefone gratuito 215-635-4700
Despersonalização - Dormência Mental
Em psicologia e psiquiatria, a despersonalização é entendida como "uma desordem
dissociativa caracterizada por experiências de sentimentos de irrealidade, de
ruptura com a personalidade, processos amnésicos e apatia." É um estado no qual
a pessoa tem a sensação de estar "fora de si" como se estivesse em algum outro
lugar controlando à distancia seu corpo e sua mente como um boneco. É este
estado que chamo de Dormência Mental, e acontece quando "tomamos consciência de
nossa consciência". Explico: nosso mundo é dividido em objeto e sujeito: Objeto
é tudo aquilo que podemos conhecer, isto é, as coisas das quais podemos ter
consciência(coisas, pensamentos, espaço, tempo, sons, etc). Sujeito é aquele que
conhece as coisas mas que nunca pode ser conhecido, é aquele que tem consciência
daquilo que está "fora", do objeto, do universo. O fato de dizermos "eu conheço
tal pessoa" não significa que conhecemos aquele sujeito, pois este não pode ser
encontrado, é o "eu" da pessoa, a consciência que só pode ser localizada no
tempo e nunca no espaço. Apenas o sujeito pode ter uma leve ideia de si mesmo. O
que ocorre na despersonalização é um fenômeno (acidental ou proposital) no qual
o sujeito "trapaceia" e toma consciência de si mesmo e, como só podemos ser
conscientes daquilo que está fora de nós, ocorre uma ruptura, uma divisão da
consciência em duas: uma que conhece e uma que é conhecida. Daí vem a sensação
de estar fora de si mesmo, e o desespero vem com a sensação de irrealidade pois
neste momentos percebemos o quanto infundada e sem sentido é nossa mente e
consciência. É como abrir as portas da percepção e ver como somos feitos de nada
e o quanto estamos afundados em abstrações. De fato, neste momento percebemos
que nada é concreto, nem espaço nem tempo, nem nada de nada. É claro que no
momento em que ocorre eu não tenho a capacidade de analisar tudo isso, já que a
minha preocupação maior é a de voltar ao normal e perder toda essa consciência
maldita. Toda esta analise vem depois quando penso sobre o ocorrido. É a última
saída da caverna rumo ao "deserto do real".
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